VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

ACORDÃO ESCANDALOSO



ZERO HORA 15 de outubro de 2012 | N° 17223


EDITORIAIS


Está em curso no Congresso um conluio entre setores da Casa que conduzirá a chamada CPI do Cachoeira a um desfecho lamentável. É tramada entre lideranças governistas e da oposição a paralisação da comissão até o final do segundo turno das eleições municipais, dia 28 deste mês. Depois disso, a CPI teria até 4 de novembro, conforme prazo preestabelecido, para concluir seus trabalhos. Não haveria tempo para conclusão alguma, até porque os parlamentares vêm se dedicando com afinco a uma estratégia diversionista desde a instalação da comissão, em abril.

Infelizmente, desta vez não há nem a desculpa de que o país poderia ter sido surpreendido pelas armadilhas montadas por quem não quer investigar nada. As sindicâncias em torno do esquema criminoso liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira são uma farsa explícita desde o começo. Não interessa ao governo e tampouco aos oposicionistas, com raras exceções, que sejam vasculhados os rastros deixados por Cachoeira e seus vínculos com frequentadores das salas do poder.

É temerário para o PT e outros partidos da base governista que uma investigação revele as conexões suspeitas de integrantes de suas cúpulas com a empreiteira Delta. Para a oposição, em especial o PSDB, levar a sério os trabalhos seria correr o risco de expor os mesmos vínculos da empresa e do contraventor com nomes de expressão do partido. É nesse ambiente de cumplicidade de adversários que políticos e asseclas ligados a Cachoeira, supostamente ameaçados de ter sigilo fiscal e telefônico quebrados, podem relaxar.

A CPI é, deliberadamente, uma encenação da qual poucos parlamentares – e reconheça-se aqui a exceção representada pelo PSOL – se negam a participar. Num ambiente de leniência com delitos graves, de nada adianta, por exemplo, prorrogar o prazo de funcionamento da comissão, como defendem alguns deputados, com a desculpa de que há mais de 500 requerimentos à espera de avaliação. Estender o funcionamento da comissão, nas atuais condições em que a mesma funciona, seria apenas uma artimanha para prolongar um logro.

A situação é tão esdrúxula que o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), admite por antecipação o constrangimento de não ter conclusão alguma a relatar. Conclui-se, assim, que o caso Cachoeira contribuiu apenas para o expurgo do senador Demóstenes Torres do Senado, por suas ligações com o bicheiro. Pode parecer muito, mas é pouco, levando-se em conta que o julgamento do mensalão pelo Supremo inspirou a expectativa de que o Congresso poderia finalmente se autodepurar. Percebe-se agora que não será desta vez. Com a CPI do abafa, os políticos desperdiçam mais uma oportunidade para consertar uma imagem degradada por inesgotáveis escândalos e omissões.

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