VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

NÃO É JUSTO!

ZERO HORA 04 de outubro de 2012 | N° 17212, ARTIGOS

 Ivan Antônio Pinheiro*

É sempre assim: a cada eleição, o Tribunal Eleitoral, bem como as várias mídias, insistentemente, relembram ao eleitor a sua responsabilidade pelos destinos, ora do país, ora do Estado ou do município. É como se o futuro estivesse em suas mãos. Quanta responsabilidade! Entre tantos, deve-se escolher aquele que nos proporcionará o melhor da saúde, da educação, da segurança entre os outros tantos direitos do cidadão e obrigações do Estado.

É fácil escolher o melhor; basta analisar os curricula vitae dos candidatos (para verificar a filiação, os locais onde estudou, a experiência profissional, se possui alguma produção intelectual digna de nota, se já atuou como voluntário em serviços comunitários, se já exerceu alguma liderança etc.) e, se já atuou como gestor no setor público, verificar se as suas contas foram aprovadas, isto é, se na administração sob a sua responsabilidade tudo ocorreu de acordo com a lei e foi observado o estrito interesse público (simples, basta consultar o Tribunal de Contas!). Ainda: há que se verificar se não há algum passivo judicial, alguma pendência (felizmente, hoje já há vários sites que trazem essa informação, isto é, se possui ou não a ficha limpa!).

Acabou? Não! É preciso conhecer e avaliar todas as propostas dos candidatos, no caso, para a prefeitura ou Câmara de Vereadores (quantos são?) para, por fim, comparar e verificar qual deles melhor resolverá não só os problemas deixados por todos aqueles que os antecederam (incompetentes que não resolveram os problemas, é o que dizem), como também saberá equacionar os novos problemas que poderão nos assolar nos próximos quatro anos! Simples assim! Basta um breve olhar e atenção ao horário eleitoral para verificar o quanto os candidatos facilitam a vida do eleitor, pois primam pela objetividade de propostas, se atêm às competências estabelecidas na Constituição (ou na Lei Orgânica), são absolutamente sinceros e claros quanto aos prazos e recursos envolvidos, nunca exagerando e tampouco prometem o que não é viável. Em suma: é fácil, objetivamente, escolher um candidato; assim, se mais tarde alguém vier a descobrir que houve erro, a culpa certamente deverá ter sido do eleitor que não se esforçou o suficiente. Afinal, a maioria dos eleitores é plenamente alfabetizada, tem acesso às principais fontes de informação sobre os candidatos, dispõe de tempo suficiente para realizar consultas e análises etc.

Não, não é justo deixar para o eleitor toda essa responsabilidade! Ela não deveria, por exemplo, ser compartilhada pelos partidos políticos? Por que os partidos não são responsabilizados pela falta de preparo dos candidatos? Muitos têm explicitado que não possuem a mínima noção das atribuições do cargo para o qual se candidatam. O quadro que nos últimos dias tem sido ilustrado pela ZH, na coluna “Como assim, candidato?”, ilustra muito bem o que eu estou dizendo. Platão, Aristóteles, Cícero, J. Locke, S. Mill, em comum, reconheceram que a função pública é tão importante que não pode ser exercida por qualquer um; há que ter um mínimo de preparo, e que se diga: mais do que ser funcionalmente alfabetizado. E do candidato, não se cobra nada? Diz e promete o que quer, ilude o eleitor e nada lhe acontece; por muito menos qualquer um de nós ou as empresas serão processadas por propaganda enganosa e terão a imagem, quiçá, para sempre comprometida.

*Professor na Escola de Administração da UFRGS

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