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sábado, 15 de março de 2014

AS ALEGRIAS DE UM BLOCÃO


REVISTA ISTO É N° Edição: 2312
| 14.Mar.14 - 20:50
| Atualizado em 15.Mar.14 - 18:04




Carlos José Marques, diretor editorial



As fragorosas derrotas impostas pelo PMDB ao governo na Câmara dos Deputados na semana passada e o ato de traição contido nesse movimento demonstram, de forma cristalina, quão frágeis e corrompidas são essas alianças. A chantagem correu solta para a perplexidade do Executivo e o espanto geral da Nação, deixando mais uma vez exposto o grau de putrefação das negociatas políticas. A base de sustentação oficial, que incluía nada menos que sete partidos e cerca de 400 parlamentares, ruiu como um castelo de cartas. E ruiu apesar de todas as declarações de líderes de lado a lado, do PT e do PMDB, de que as coisas seguiam às mil maravilhas. “O PMDB só me dá alegrias”, decantou Dilma horas antes de conseguir meros 28 votos de gatos pingados na discussão de projetos de seu interesse. No que foi, ato contínuo, endossada pelo peemedebista, seu vice, Michel Temer. Estavam os dois redondamente enganados. E foram humilhados no Congresso. 

O blocão de rebelados, hegemônico e coeso na quase totalidade, deu sim várias “alegrias” ao Executivo, mas de outra natureza. Os comandados pelo líder do partido, Eduardo Cunha, articularam convocações de ministros para que depusessem e montaram uma comissão de investigação sobre a joia da coroa estatal, a Petrobras. Com que intuito? 

Apenas e tão somente demonstrar força de resistência contra o que consideraram soberba da presidenta na decisão de lhes negar mais alguns postos-chaves na administração pública. Fisiologismo é o nome do jogo! Indigesto, sem dúvida, mas historicamente conhecido nos corredores do Planalto desde tempos imemoriáveis – que ganhou, sabe-se, escala no período da ascensão de Lula e de sua trupe ao poder, aparelhando o Estado em um esquema que se mantém até hoje. 

Ninguém se engane: o governo deverá ceder, mais uma vez, aos apelos e recompor, como vem fazendo do início do mandato para cá, a despeito de qualquer interesse maior do País. Enquanto isso não acontece, sangra em praça pública a candidata à reeleição, com a imagem sistematicamente arranhada pela conhecida falta de traquejo nos meandros da política. 

Foram decerto a habitual aversão a conchavos e a inabilidade nas conversas com parlamentares que levaram o clima a azedar entre Dilma e o blocão de “aliados”. A postura, invariavelmente arrogante e distante da presidenta, com qualquer que seja o interlocutor, tem gerado dissabores frequentes. Nem mesmo o uso e o abuso das práticas de clientelismo e apadrinhamento, com a distribuição de cargos e verbas para aliciar simpatizantes, têm segurado o avanço da ala dos descontentes. Mas Dilma continua a enxergar só alegrias. Até quando?

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