SOB RISCO. Governo admite que nível de reservatórios e falta de chuva causam preocupação, mas descarta adotar racionamento agora
A seca prolongada e a queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas fizeram o governo acender o “sinal amarelo” para o risco de racionamento. O alerta foi anunciado ontem pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.
Conforme Zimmermann, isso significa que o governo está atento, mas não vê necessidade de adotar racionamento de energia.
– Quando estou num ano hidrológico bom (chuva adequada), estou com sinal verde. Quando estou num ano hidrológico não bom, é um sinal amarelo – afirmou o secretário na Câmara dos Deputados. – Todo mundo sabe. Tivemos baixíssimas afluências nos nossos reservatórios em janeiro e fevereiro. Isso é uma realidade.
Zimmermann reiterou que o sistema elétrico brasileiro tem equilíbrio estrutural e defendeu que não é preciso impor medidas de economia compulsória, como em 2001.
– O sistema está passando por um estresse hídrico (escassez de água), mas tem equilíbrio.
De acordo com o secretário, os investimentos em linhas de transmissão para interligar as regiões nos últimos anos permitem que o país passe por períodos de estiagem até piores que o de 13 anos atrás. Apesar de admitir o “sinal amarelo”, Zimmermann alegou que as usinas térmicas não foram ligadas por razões emergenciais, nem são energia de reserva, mas integram a base do sistema e participaram de leilões públicos para oferta que produzem. Os contratos firmados preveem que o gasto com a compra de combustíveis para abastecê-las deve ser pago pelo consumidor, disse.
O secretário argumentou que o impacto do pacote de medidas de ajuda às distribuidoras nas tarifas deve ser “praticamente anulado” pela entrada da energia das usinas de Cesp, Cemig e Copel no sistema a partir do próximo ano. Como os contratos de concessão dessas empresas vencem em 2015, o governo poderá leiloar as usinas para um novo operador e obter uma energia mais barata.
Regras de leilão saem até amanhã
Para Luis Gameiro, diretor da consultoria Trade Energy, a escassez de energia não se deve só ao baixo volume momentâneo dos reservatórios e à aproximação do período com menor volume de chuvas, a partir do fim de abril. O problema, afirma, também é reflexo da pressão pela construção de hidrelétricas com barragens menores em razão de impactos ambientais.
Zimmermann ainda anunciou que o governo divulgará até amanhã as diretrizes do leilão de energia emergencial marcado para o dia 25 de abril que visa resolver o problema das distribuidoras. De acordo com o secretário, o governo pretende oferecer contratos de fornecimento de energia com prazo entre cinco e oito anos.
BRASÍLIA
Na usina de Furnas, uma das principais no país, volume de água diminui num período que deveria subir
Nenhum comentário:
Postar um comentário