PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA
Não se pode crucificar o senador Pedro Simon por ter feito uma cirurgia dentária e implantes que custaram R$ 62,7 mil e foram pagos pelo Senado. O que está errado é o Senado ter um plano de saúde vitalício para senadores, ex-senadores e seus familiares, com reembolso de despesas fora do padrão de qualquer plano de saúde, sem contribuição do beneficiário.
O senador Agripino Maia (DEM-RN) melhorou o sorriso com placas de porcelana nos dentes e o Senado pagou mais de R$ 50 mil. Por que o tratamento de Simon repercutiu mais? Porque Simon sempre fez o discurso da moralidade, dizem seus críticos, como se os outros pudessem fazer extravagâncias por não terem a imagem de guardiões da ética.
Simon apresentou ontem, em nota oficial e em entrevista ao jornalista Klécio Santos, os laudos médicos que justificam a intervenção. Disse que não poderia pagar pelo tratamento e enumerou os recursos que devolveu ao Senado por não utilizar toda a cota a que tem direito. Tarde demais: o estrago já está feito.
A repercussão negativa é um complicador a mais na definição do candidato do PMDB ao Senado. Simon ainda não disse claramente que não concorre, mas deve avaliar se está disposto a ser chamado de “boca de ouro” e de outros apelidos do gênero durante a campanha.
José Fogaça, considerado o preferido de Simon no caso de ele não ser candidato, também tem direito aos reembolsos do Senado – e os utilizou. Não serve de consolo ao PMDB saber que outra candidata, Emília Fernandes (PC do B) está na mesma situação. Nesse quadro, crescem as chances de Germano Rigotto ser candidato, mas ele será cobrado por receber a aposentadoria vitalícia de governador.
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