Denalize Goulart
Com qual causa devo simpatizar, interroga-se a sociedade. Devo indignar-me com estes absurdos de ser privada de usar o transporte coletivo e de poder contar com os serviços dos Correios e de coleta de lixo, para citar apenas algumas greves que vêm ocorrendo ultimamente no País, e desprezar esses trabalhadores? Ou devo simpatizar com eles por estarem tentando melhorar suas condições de trabalho e salário?
Adam Smith, pai do liberalismo econômico, em sua obra Teoria dos Sentimentos Morais, defendeu que a sociedade alcançaria o maior grau de bem-estar social possível quando o homem fosse capaz de se imaginar em circunstâncias idênticas às vivenciadas pelo seu semelhante. No Brasil, tal exercício é de fácil execução uma vez que a luta dessas categorias profissionais é semelhante à de quase todas as demais, que igualmente recebem baixos salários e são vítimas da precariedade de serviços básicos de toda ordem.
Portanto, novamente o momento atual requer que sejamos capazes de nos colocarmos no lugar do outro para endurecermos contra esta política pública de gastos desenfreados que visam a enaltecer aos olhos dos turistas, sem, no entanto, preocupar-se com a crescente deterioração dos serviços disponibilizados à população nos 365 dias do ano. Entretanto, é forçoso reconhecer que essas greves causam prejuízos diretos e indiretos incomensuráveis à população através do efeito multiplicador econômico, significando perdas na produção, no consumo e até mesmo no salário e na arrecadação tributária.
Porém, a luta por conquistas sociais não pode parar. O que deve mudar é a forma de reivindicar, adotando-se procedimentos que não sacrifiquem ainda mais a população ao privá-la de serviços essenciais ao seu dia a dia. Um meio eficaz de viabilizar tais ganhos é a conscientização da importância do voto para que os cargos eletivos passem a ser ocupados por representantes efetivamente sintonizados com os anseios da classe trabalhadora.
Economista
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