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terça-feira, 25 de março de 2014

LUZ AMARELA PARA AS CONTAS DO BRASIL


ZERO HORA 25 de março de 2014 | N° 17743


NOTA REBAIXADA

Standard & Poor’s reduz conceito de crédito pela primeira vez desde 2008



Dois meses depois de advertir que poderia baixar a nota de crédito internacional do Brasil, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) cumpriu a ameaça: reduziu ontem em um patamar o conceito anterior, BBB, para BBB-. É o equivalente a avaliar que os títulos da dívida do governo ficaram menos seguros, porque o país está crescendo menos, recebendo menos investimentos e assumindo mais riscos nas contas públicas.

Éa primeira vez desde 2008, quando a percepção sobre o Brasil começou a melhorar no mercado externo, que o país tem sua nota de crédito rebaixada. Apesar da redução da nota, os títulos da dívida do governo brasileiro não perderam o selo do clube de bons pagadores – seguem no grupo de notas chamado de “grau de investimento”, condição para receber determinado tipo de investimento.

No entanto, a decisão acende uma luz amarela para o governo, que já vinha enfrentando questionamentos pela condução da política econômica no país. Em nota, o Ministério da Fazenda qualificou a decisão da S&P como “inconsistente” com as condições da economia brasileira. “Independentemente de quaisquer avaliações, reafirmamos nosso compromisso com o cumprimento da meta de superávit primário (economia para pagar juro) de 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto)”, informou o comunicado.

Em teleconferência ontem à noite, a diretora responsável pelo Brasil na S&P, Lisa Schineller, deu detalhes sobre os motivos. Explicou que a deterioração nos indicadores do país vem ocorrendo nos últimos anos e minou a credibilidade do governo na condução da política fiscal. Baixo crescimento do PIB nos últimos anos, menor volume de investimentos e forma pouco transparente e confiável de administrar as contas públicas foram apontados como principais problemas.

– A credibilidade do governo na condução da política fiscal se deteriorou – disse Lisa, que citou “políticas econômicas mais consistentes” e “maior clareza nas contas” como fatores que ajudariam a recuperar a imagem.

Ajustes ficam mais difíceis durante período de eleições

Em ano eleitoral, a diretora da S&P destacou que a capacidade do governo de fazer ajustes fica ainda mais complicada. Lisa disse que será difícil o Brasil obter a meta de superávit primário de 1,9% este ano. O país continuará com crescimento baixo nos próximos anos, acrescentou. Para 2014, a S&P prevê expansão de 1,8% do PIB.

As revisões de agências como a S&P não têm calendário determinado. Analistas fazem avaliações periódicas sobre a situação das economias que precisam negociar papéis no Exterior para se financiar, como o Brasil. Embora o país tenha sido considerado “credor líquido” em 2008 (tinha mais recursos a receber do que a pagar), ainda tem necessidade de colocar títulos para financiar suas contas.

Gustavo Loyola. Ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria - Foi menos mal, porque o Brasil ainda não perdeu o grau de investimento, mas fica sinalização forte que isso pode ocorrer caso não sejam tomadas medidas corretivas pelo governo.

André Perfeito. Economista-chefe da Gradual Investimentos - Investidores já esperavam que isso (redução da nota de crédito) ocorresse em algum momento, o que, de certa forma, já vinha sendo embutido nos preços dos ativos brasileiros (como ações e juros).



A JUSTIFICATIVA DA S&P - O rebaixamento reflete a combinação de derrapagem fiscal, a perspectiva de que a execução fiscal permanecerá fraca, em meio a um crescimento moderado nos próximos anos, uma capacidade limitada para ajustar a política antes da eleição presidencial de outubro e um certo enfraquecimento das contas externas do Brasil. Combinados, esses fatores destacam o espaço diminuído do governo para manobrar em face de choques externos.


NO MUNDO DAS AGÊNCIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO


O QUE É RATING? 
- É um sistema de avaliação dos títulos de dívidas de países para que os investidores saibam se estão fazendo um negócio seguro, ou qual é o tamanho do risco de calote envolvido. Existem até 25 combinações de letras para avaliar a confiabilidade de que o país que emite um papel vai pagar o que deve. Esse sistema também existe para empresas, mas a avaliação da dívida dos países é feita de forma automática, enquanto as empresas precisam pedir e pagar pelo serviço.

PARA QUE SERVE? - Para ajudar a orientar os investidores na hora de aplicar em títulos públicos. Se os papéis de um país estão classificados como “grau especulativo”, por exemplo, para que seus títulos sejam negociados esse país terá de pagar juros mais altos.

COMO FUNCIONA? - O princípio é o mesmo de vários instrumentos financeiros: quanto maior o risco, maior a remuneração que um investimento precisa oferecer. Por isso, ter baixo nível de risco representa menor despesa para o país negociar suas dívidas. Mas não quer dizer que uma nota baixa não represente bons negócios para os investidores, que podem receber juro alto.

COMO SE USA? - Ter classificação em “grau de investimento” – que o Brasil ainda mantém apesar do rebaixamento da nota – significa colocar papéis no mercado internacional por um custo mais baixo. Grandes fundos de pensão americanos, por exemplo, só podem comprar papéis de países que tenham notas em grau de investimento dadas por duas agências diferentes.

QUEM AVALIA? - Existem três grandes agências de classificação de risco – Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s. O mais comum é que a avaliação das três seja muito parecida, mas pode haver divergências. Em agosto de 2011, por exemplo, a S&P retirou da dívida dos Estados Unidos a nota mais alta de crédito (AAA). As outras duas não acompanharam a decisão.

ESSAS AGÊNCIAS SÃO CONFIÁVEIS? - Os escritórios são respeitados, mas enfrentaram arranhões na credibilidade durante a crise que teve seu ponto mais grave em 2008. Várias instituições que quebraram nos EUA, de bancos a seguradoras, passando por agências públicas de financiamento de hipotecas, tinham notas AAA antes de desmoronar.

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