Pós-eleição - Estado contabiliza pelo menos 33 investigações de crime eleitoral. Número de casos, que inclui desde compra de voto até coação de eleitores. pode ser ainda maior
Juliana Bublitz
Ao todo, pelo menos 33 investigações envolvendo crimes eleitorais estão em andamento no Rio Grande do Sul. Os casos incluem desde suspeitas de compra de votos, a exemplo de Jaquirana, na Serra, até coação de eleitores e transferências fraudulentas de domicílio eleitoral.
O número, porém, é subestimado. Trata-se apenas das ocorrências que, até ontem, haviam chegado ao conhecimento do Gabinete de Assessoramento Eleitoral do Ministério Público, em Porto Alegre. O órgão auxilia promotores do Interior sempre que necessário, mas eles não são obrigados a comunicar as investigações.
— Acreditamos que a quantidade seja muito maior, porque nem todos os colegas entram em contato conosco para pedir apoio — ressalva o promotor José Francisco Seabra Mendes Júnior, coordenador do gabinete.
Das 33 situações conhecidas pelo órgão, cerca de 20 envolvem supostas alterações irregulares de títulos e estão sob os cuidados da Polícia Federal. O MP Eleitoral e a PF não divulgaram onde ocorreram os problemas, mas sabe-se que, entre eles, estão casos de municípios como Cidreira e Itati, no Litoral Norte. Ambos seguem indefinidos.
Entre as suspeitas de compra de voto, além de Jaquirana, incluem-se cidades como Triunfo, na Região Metropolitana, onde as negociações teriam envolvido troca de apoio por dinheiro, cestas básicas e até o pagamento de contas de água e luz. O processo está na Procuradoria Regional Eleitoral e transcorre em sigilo.
Outro caso que chamou a atenção pela gravidade e que integra a lista é o de São José do Ouro, no Norte do Estado. Lá, o MP pediu a cassação de duas coligações por suposta compra de votos e abuso de poder econômico. Teria ocorrido oferta de dinheiro, gasolina, ranchos, cirurgias, medicamentos, material de construção e promessas de emprego e de favorecimento na renovação de habilitações para dirigir. Se a cassação se confirmar, o município terá novas eleições.
Compra de votos - Atualizada em 31/10/2012 | 11h23
Filho de prefeito reeleito de Jaquirana é preso suspeito de crimes eleitorais. Polícia interceptou mais de 15 mil ligações nas quais os políticos ofereciam dinheiro, rancho, eletrodomésticos e até pneus em troca de votos
RÁDIO GAÚCHA SERRA
Operação prendeu três integrantes da coligação UnijaqFoto: Guilherme Pulita
A Polícia Civil de Bom Jesus prendeu na manhã desta quarta-feira Ivan Lauro Rauber, 40 anos, filho do prefeito reeleito de Jaquirana, Ivanor Rauber (PP). A detenção ocorreu durante uma operação para deflagrar crimes eleitorais. O homem seria responsável por chefiar um esquema de compra de votos no município.
Além de Rauber, também foram presos o vereador reeleito pela terceira vez, Orestes Ângelo Andelieri, o Orestinho, 44, e José Evandro Pereira dos Reis, 39, coordenador de campanha de outro vereador eleito pelo PP. Todos os detidos faziam parte da coligação Unijaq.
Cerca de 70 agentes cumpriram 15 mandados de busca e apreensão e três de prisão. A polícia chegou ao esquema após interceptar mais de 15 mil ligações nas quais os políticos ofereciam dinheiro, rancho, eletrodomésticos e até pneus em troca de votos. Os políticos ainda pagariam o deslocamento de eleitores de outros municípios para votar em Jaquirana.
A polícia cumpriu os mandados de busca e apreensão nas casas e empresas dos detidos e na prefeitura. De acordo com o Censo de 2010, o município possui 4.177 habitantes e 4.123 eleitores.
Gravação feita pela Polícia Civil e obtida pela Rádio Gaúcha Serra mostra conversa sobre desvio de dinheiro da prefeitura.
Em outra escuta telefônica, mulher pede um "ranchinho" e afirma que já conseguiu mais duas famílias dispostas a vender o voto em Jaquirana.
Em gravação, eleitor pede gasolina em troca de voto:
Em gravação, outro eleitor pede máquina de lavar:
ZERO HORA - Atualizada em 31/10/2012 | 14h19
Apoiadores de suspeitos de compra de votos em Jaquirana protagonizam tumulto em frente a delegacia
Três pessoas foram presas, incluindo filho do prefeito reeleito, em operação da Polícia Civil
Apoiadores da coligação que venceu a eleição em Jaquirana se aglomeraram em frente à delegacia da cidadeFoto: Guilherme Pulita / Agência RBS
Causou tumulto em Jaquirana, na Serra, a prisão de três pessoas pela Polícia Civil. Os presos, entre eles um filho do prefeito reeleito, Ivanor Rauber (PP), são suspeitos de compra de votos. Na manhã desta quarta-feira, enquanto os três suspeitos era mantidos na delegacia de Jaquirana, uma multidão de apoiadores do prefeito reeleito se aglomerou em frente ao prédio para protestar contra as prisões. Houve um tumulto quando os presos eram retirados da delegacia. A multidão aplaudiu os suspeitos e cantou o jingle de campanha da coligação do prefeito reeleito.