ZERO HORA 12 de fevereiro de 2014 | N° 17702
EDITORIAIS
Antes da Copa de junho e das eleições de outubro, o Brasil tem pelo menos quatro meses para enfrentar os problemas que ameaçam a normalidade institucional e os compromissos assumidos com a comunidade internacional. Nesta agenda, ganha urgência a questão da violência nas manifestações públicas, que está provocando medo e indignação internamente e prejudicando a imagem do país no Exterior. Entre as várias pressões sociais e corporativas com potencial para perturbar a ordem pública, duas merecem atenção prioritária dos governantes e das lideranças políticas: a luta por transporte público acessível e de qualidade e o desconforto com os gastos públicos relacionados à Copa do Mundo.
São causas inegavelmente justas. Parcela expressiva da população brasileira é submetida diariamente à tortura de viajar em ônibus e trens superlotados, desconfortáveis, que oferecem riscos à segurança e à integridade física das pessoas. Além disso, muitas vezes o transporte público falha, atrasa, ou custa mais do que os trabalhadores podem pagar. Da mesma maneira, os cidadãos têm o direito de cobrar informações precisas sobre os gastos com a organização da Copa, especialmente sobre o uso de dinheiro público.
Então, o atendimento dessas demandas torna-se inadiável. A presidente Dilma Rousseff já convocou uma reunião com os 12 governadores de Estados que receberão jogos da Copa, para planejar um gigantesco esquema de segurança focado em eventuais protestos. O plano estratégico envolve convênios com os governos estaduais para uma atuação conjunta das forças locais com a Polícia Federal, as Forças Armadas e a Agência Brasileira de Inteligência. É oportuno, pois, apesar da rejeição cada vez maior da população aos chamados Black Blocs e a outros grupos extremistas, um evento da dimensão do campeonato mundial de futebol tende a atrair até mesmo terroristas internacionais. Mas os governos não podem achar que tudo se resolve com policiamento e vigilância armada.
Antes, nestes meses que precedem os dois eventos, é essencial que as carências reais da população comecem a ser resolvidas, entre as quais sistemas de transporte mais civilizados, combate diário à violência urbana e uma campanha de divulgação transparente dos gastos que estão sendo feitos na construção e reforma de estádios, e nos seus entornos.
Só há um jeito de atenuar a insatisfação popular com maus serviços públicos: melhorá-los. E só há uma maneira de desfazer o desconforto dos brasileiros com a gastança: justificá-la com absoluta transparência. A agenda prioritária deveria começar por aí.
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Antes da Copa de junho e das eleições de outubro, o Brasil tem pelo menos quatro meses para enfrentar os problemas que ameaçam a normalidade institucional e os compromissos assumidos com a comunidade internacional. Nesta agenda, ganha urgência a questão da violência nas manifestações públicas, que está provocando medo e indignação internamente e prejudicando a imagem do país no Exterior. Entre as várias pressões sociais e corporativas com potencial para perturbar a ordem pública, duas merecem atenção prioritária dos governantes e das lideranças políticas: a luta por transporte público acessível e de qualidade e o desconforto com os gastos públicos relacionados à Copa do Mundo.
São causas inegavelmente justas. Parcela expressiva da população brasileira é submetida diariamente à tortura de viajar em ônibus e trens superlotados, desconfortáveis, que oferecem riscos à segurança e à integridade física das pessoas. Além disso, muitas vezes o transporte público falha, atrasa, ou custa mais do que os trabalhadores podem pagar. Da mesma maneira, os cidadãos têm o direito de cobrar informações precisas sobre os gastos com a organização da Copa, especialmente sobre o uso de dinheiro público.
Então, o atendimento dessas demandas torna-se inadiável. A presidente Dilma Rousseff já convocou uma reunião com os 12 governadores de Estados que receberão jogos da Copa, para planejar um gigantesco esquema de segurança focado em eventuais protestos. O plano estratégico envolve convênios com os governos estaduais para uma atuação conjunta das forças locais com a Polícia Federal, as Forças Armadas e a Agência Brasileira de Inteligência. É oportuno, pois, apesar da rejeição cada vez maior da população aos chamados Black Blocs e a outros grupos extremistas, um evento da dimensão do campeonato mundial de futebol tende a atrair até mesmo terroristas internacionais. Mas os governos não podem achar que tudo se resolve com policiamento e vigilância armada.
Antes, nestes meses que precedem os dois eventos, é essencial que as carências reais da população comecem a ser resolvidas, entre as quais sistemas de transporte mais civilizados, combate diário à violência urbana e uma campanha de divulgação transparente dos gastos que estão sendo feitos na construção e reforma de estádios, e nos seus entornos.
Só há um jeito de atenuar a insatisfação popular com maus serviços públicos: melhorá-los. E só há uma maneira de desfazer o desconforto dos brasileiros com a gastança: justificá-la com absoluta transparência. A agenda prioritária deveria começar por aí.
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