EDITORIAIS
O deputado federal Luis Carlos Heinze pediu desculpas públicas durante o programa Conversas Cruzadas, da TVCOM, por ter se manifestado de forma preconceituosa numa audiência em Vicente Dutra, em novembro do ano passado. Na ocasião, o parlamentar disse que quilombolas, índios, gays e lésbicas são tudo o que não presta. O insulto a esses grupos provocou tanta indignação, que até seu partido, o PP, emitiu nota de repúdio. Pressionado pelas críticas, o deputado gaúcho desculpou-se e garantiu não ser homofóbico. Na minha casa, tem gays e lésbicas. Eu convivo com eles e não tenho preconceito afirmou.
Diante de manifestações tão contraditórias, cabe aos cidadãos, especialmente aos eleitores, decidir em qual acreditar. Mais do que um homem público, Heinze tem sido um dos parlamentares mais votados do Estado. Deduz-se, daí, que parcela expressiva do eleitorado gaúcho concorda com suas ideias e com sua visão de mundo. Por isso, é importante que elas sejam expostas com clareza, sem subterfúgios, para que as pessoas debatam e assumam suas posições.
Infelizmente, nem sempre o preconceito, a discriminação e a homofobia estão na vitrine para todo mundo ver e julgar. O mais comum é que permaneçam escondidos e emerjam sob os mais diversos disfarces. No caso do deputado ruralista, sua posição só ficou clara porque uma gravação do pronunciamento foi colocada na internet. Agora, no entanto, ele desdiz o que disse – e transfere a decisão para o eleitor, que terá a oportunidade de se manifestar a respeito tanto pelas próprias redes sociais quanto pelas urnas em outubro.
E não se pode ficar em cima do muro. Explícitos ou velados, preconceitos de qualquer espécie devem ser repudiados porque afrontam a democracia e os direitos humanos.
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