EDITORIAIS
Amplia-se a percepção média da população de que serviços públicos essenciais vêm sendo prestados com deficiência, com alguns casos evidentes de precarização. Como exemplos recentes, cita-se a situação de Porto Alegre, que enfrenta cortes frequentes no abastecimento de água e luz, quase sempre sob o argumento de que são pontuais e justificáveis, segundo o ponto de vista dos dirigentes das empresas concessionárias. Repetem-se, pela voz de diretores das empresas públicas e das concessionárias de serviços, as mesmas desculpas, sempre que o fornecimento é suspenso. Invariavelmente, tentam passar a impressão de que tais transtornos devem ser encarados com naturalidade pelos consumidores, como se não pudessem ser evitados ou ter pelo menos suas consequências amenizadas.
Não há nada de natural na repetição das ocorrências que deixam milhares de pessoas sem água e luz. O que existe é a imprevidência dos que subestimaram os desafios da urbanização e o aumento do consumo de eletrodomésticos. Sem planejamento, as concessionárias falham ao não melhorarem suas estruturas e adiarem investimentos. O resultado é a sensação generalizada de que os serviços públicos, também em outras áreas, não acompanham as demandas criadas pela melhoria da qualidade de vida. É uma realidade igualmente presente na telefonia móvel, que teve sua performance deficiente submetida às avaliações de recente CPI da Assembleia. As empresas do setor são, pelo crescimento do acesso aos celulares e pela incapacidade de responderem a tal fato, líderes em reclamações nos Procons do Estado.
Compreende-se, nesse contexto, a indignação da população, que não obtém nem mesmo informações satisfatórias. Serviços de atendimento ao consumidor pelo telefone descumprem descaradamente uma portaria do governo, de 2008, que estabelece uma série de obrigações, entre as quais a de que uma ligação deve ser atendida em no máximo um minuto. Milhares de telefonemas não são nem mesmo atendidos. Reparações, via Procon ou judicial, são importantes, mas não resolvem o que mais importa. O que interessa à população é que as empresas assumam finalmente a tarefa de prestar serviços de qualidade, respeitando minimamente os direitos dos que sustentam suas atividades.
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