KLÉCIO SANTOS E RODRIGO SACCONE | BRASÍLIA
DINHEIRO PÚBLICO. Tratamentos médicos e odontológicos beneficiam também ex-parlamentares da Casa e suas famílias
Um plano de saúde ilimitado e despesas de R$ 25.998 por ano para tratamento odontológico fazem parte do cardápio de vantagens que os 81 senadores têm direito durante o mandato. O benefício se estende aos dependentes. Ex-senadores também podem apresentar notas de até R$ 32.958,12 por ano com esse tipo de despesa. Os gastos atingiram uma média de R$ 6,2 milhões anuais no período de 2008 a 2012.
Com custo zero para os senadores e bancado pelo contribuinte, o plano de saúde do Senado inclui até implantação de próteses dentárias de ouro e beneficia também quem perdeu o mandato por quebra de decoro, como é o caso de Demóstenes Torres (GO), ou por suspeita de desvios de dinheiro público, no caso de Expedito Júnior (PSDB-RO).
Zero Hora obteve os relatórios com os gastos dos três senadores gaúchos. Quem mais utilizou o recurso de reembolso com despesas médicas e odontológicas foi Pedro Simon (PMDB). O parlamentar gastou pelo menos R$ 429 mil entre 2010 e 2013, sendo que cerca de R$ 91 mil foram com tratamentos dentários.
As despesas de Simon incluem a mulher, Ivete, e o filho Pedro. Em um só pedido, o peemedebista obteve o ressarcimento de R$ 62,7 mil, referentes a 2012, valor que extrapola a cota anual com o plano odontológico. Para justificar o gasto, o senador usou o saldo de anos anteriores e antecipou a cota do ano seguinte diante da urgência do procedimento.
Ontem, o senador divulgou um laudo do Centro Odontológico Avançado, em Brasília, comprovando o tratamento. Em 2013, há outros pedidos de reembolso em nome do senador e da mulher que totalizam mais R$ 9.119,15, mas que, segundo o gabinete de Simon, ainda não foram pagos.
O total dos gastos do senador e da família com dentista seria de R$ 91.413,00 nos últimos quatro anos, conforme ofícios apresentados pela diretora da Secretaria de Assistência Médica e Social, Lêda Maria Sales Braúna Braga.
Dos três gaúchos, Simon é o que mais gastou com serviços médicos
As despesas médicas da família de Pedro Simon são ainda maiores do que as dentárias e totalizam R$ 338.210 entre ressarcimentos e clínicas conveniadas, de acordo com as planilhas obtidas por ZH.
A maioria, contudo, é pedido de reembolso (R$ 290.324,00), que inclui ainda o filho Pedro Fülber Simon. O maior volume de despesas em nome de Pedro foi registrado em 2011 (R$ 103 mil). Além disso, há um pedido de reembolso no ano passado de R$ 19.727,41.
O senador explicou que as despesas do filho se justificam por conta de um tratamento hormonal para um problema de crescimento e uma cirurgia de amigdalite, esta realizada em 2013. Para explicar os gastos médicos, Simon disse que nos últimos quatro anos enfrentou vários problemas de saúde por conta de cirurgias de coluna, de apendicite (com risco de inflamação generalizada), vesícula e pneumonia, que resultaram em internações em Brasília, São Paulo e Porto Alegre.
A senadora Ana Amélia Lemos (PP) tem apenas um pedido de ressarcimento no valor de R$ 3.577,82, feito em novembro de 2013. As despesas do senador Paulo Paim (PT), entre 2010 e 2013, somam R$ 3.518,96, sendo que a maioria dos gastos do petista é com médicos conveniados – apenas R$ 900 foram reembolsados.Paim também apresentou uma nota de R$ 110 de despesa com dentista.
As despesas de saúde do Senado sempre foram uma caixa-preta. Os valores jamais foram divulgados oficialmente, nem mesmo por intermédio da Lei de Acesso à Informação.
Diante de denúncias de gastos milionários com a saúde dos senadores, Renan Calheiros (PMDB-AL) logo que assumiu a Casa prometeu criar uma agenda positiva e adotar reformas. Em relação às despesas médicas, a reforma incluiu apenas o fim do atendimento ambulatorial do serviço médico do Senado, mantendo o atendimento de urgência. Na prática, não resultou em economia.
PEDRO SIMON SENADOR DO PMDB-RS
“Foram quatro anos horríveis”
O senador Pedro Simon conversou com ZH ontem por telefone após encerrar um roteiro de campanha pelo Interior do Estado. Aos 84 anos, emocionado e com a voz embargada, Simon falou das despesas da família e lamenta estar sendo atingido politicamente justamente por conta dos problemas provocados pela idade.
ZH – Além dos gastos com tratamento odontológico, o senhor e sua família tiveram despesas médicas que chegam a R$ 338 mil. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Simon – A minha vida sempre foi muito clara. Não recebo pensão de governador, os parlamentares recebem seu subsídio mais uma verba de representação, eu não recebo essa verba de representação. Nestes últimos quatro anos, tive diversos problemas que exigiram internação. Foram quatro anos horríveis. Está tudo documentado. As minhas internações eram em quartos simples. Nunca imaginei. Mas estou disposto a trazer os papéis e esclarecer qualquer coisa que vocês queiram.
ZH – E as despesas do seu filho?
Simon – Sim, ele fez uma cirurgia de amigdalite e um tratamento hormonal com relação a um problema que poderia limitar o crescimento dele. O tratamento graças a Deus deu certo. Vou entrar com um projeto de lei para que cada senador possa ter seu plano de saúde, porque tudo que fiz estava incluído no plano de saúde que eles me ofereciam, então talvez a grande ideia disso que está acontecendo é a gente ter um projeto em que cada senador possa ter o seu plano de saúde particular.
ZH – O senhor acha que esses dados podem ser utilizados politicamente contra o senhor?
Simon – Olha, já fui informado de que essa campanha ia ser muito pesada com relação a mim. Na eleição passada, já aconteceu com determinados senadores e que nessa eu ia pagar um pouco pela minha língua exagerada, pela minha maneira firme de debater. Então, acredito que sim, mas isso faz parte, tenho que estar preparado para isso. Não nego que fico chocado. Foram me pegar pela minha saúde. Realmente vão poder dizer que a saúde do Simon, com 80 e tantos anos, não está boa. Mas a língua está bem, a garganta e a coragem também. Sinceramente, não esperava que viesse desse jeito.
O senador Pedro Simon conversou com ZH ontem por telefone após encerrar um roteiro de campanha pelo Interior do Estado. Aos 84 anos, emocionado e com a voz embargada, Simon falou das despesas da família e lamenta estar sendo atingido politicamente justamente por conta dos problemas provocados pela idade.
ZH – Além dos gastos com tratamento odontológico, o senhor e sua família tiveram despesas médicas que chegam a R$ 338 mil. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Simon – A minha vida sempre foi muito clara. Não recebo pensão de governador, os parlamentares recebem seu subsídio mais uma verba de representação, eu não recebo essa verba de representação. Nestes últimos quatro anos, tive diversos problemas que exigiram internação. Foram quatro anos horríveis. Está tudo documentado. As minhas internações eram em quartos simples. Nunca imaginei. Mas estou disposto a trazer os papéis e esclarecer qualquer coisa que vocês queiram.
ZH – E as despesas do seu filho?
Simon – Sim, ele fez uma cirurgia de amigdalite e um tratamento hormonal com relação a um problema que poderia limitar o crescimento dele. O tratamento graças a Deus deu certo. Vou entrar com um projeto de lei para que cada senador possa ter seu plano de saúde, porque tudo que fiz estava incluído no plano de saúde que eles me ofereciam, então talvez a grande ideia disso que está acontecendo é a gente ter um projeto em que cada senador possa ter o seu plano de saúde particular.
ZH – O senhor acha que esses dados podem ser utilizados politicamente contra o senhor?
Simon – Olha, já fui informado de que essa campanha ia ser muito pesada com relação a mim. Na eleição passada, já aconteceu com determinados senadores e que nessa eu ia pagar um pouco pela minha língua exagerada, pela minha maneira firme de debater. Então, acredito que sim, mas isso faz parte, tenho que estar preparado para isso. Não nego que fico chocado. Foram me pegar pela minha saúde. Realmente vão poder dizer que a saúde do Simon, com 80 e tantos anos, não está boa. Mas a língua está bem, a garganta e a coragem também. Sinceramente, não esperava que viesse desse jeito.
3 comentários:
prezados,
é permitido postar estas materias no facebook?
grato
Esta matéria é pública. Foi postada no Jornal Zero Hora.
O Grupo Ordem, Justiça e Liberdade do facebook foi criado para debater as questões nacionais, como esta de cunho político e social.
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