VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 31 de março de 2011

NOS OLHOS DOS OUTROS É COLÍRIO

ROSANE DE OLIVEIRA - ZERO HORA, 31/03/2011

Dá gosto ver a ginástica que os aliados do governo Tarso Genro estão fazendo para justificar a opção pelo enterro da CPI dos Pardais. Tradicionais defensores de CPIs para investigar qualquer coisa que pudesse causar constrangimento aos adversários, os petistas cerraram fileiras contra a investigação que, no início, diziam defender. Aliados de outros partidos incluindo o PP, que não é governo nem oposição seguiram na mesma balada. Até o PDT deixou pendurado o deputado Diógenes Basegio, autor do requerimento.

Com a pureza dos novatos e a lógica do mastologista, que considera fundamental extirpar tumores antes que produzam metástase, o doutor Basegio se transformou num Dom Quixote, cavaleiro solitário coletando assinaturas da oposição para recuperar o apoio perdido entre os seus. Conseguiu apenas 14 das 19 necessárias – e talvez fique por aí, a se julgar pela convicção com que os outrora loucos por CPI agora sustentam a operação abafa.

O argumento é o mesmo que usavam os deputados da base de Yeda Crusius quando a oposição da época apresentava qualquer requerimento para criar uma CPI: que o assunto já estava sendo investigado pela polícia, pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas.

A bancada do PT chegou ao ápice da sofisticação: distribuiu uma nota ilustrada com uma lupa no logotipo do Daer, em que não menciona a CPI, apenas elogia o governo por ter agido de forma rápida e criado a força-tarefa que deve fazer uma devassa na autarquia. O deputado Raul Pont diz na nota que a medida é exemplar, levando em conta a forma com que o governo agiu, em outros momentos, diante de denúncias de irregularidades.

Quando Basegio anunciou o pedido de CPI, no calor da repercussão da reportagem sobre o escândalo dos pardais, o governador Tarso Genro deu uma entrevista na Federasul dizendo que apoiava a comissão, que era o maior interessado numa investigação profunda e que o governo dele nada tinha a ver com os fatos denunciados pelo repórter Giovani Grizotti. Estimulados por esse discurso, os aliados deram sinais de que apoiavam a investigação, mas mudaram de ideia quando o Piratini fez ver que CPI é ótima quando se está na oposição. Porque nunca se sabe como termina – e invariavelmente se transforma em palanque político –, a melhor forma de não correr riscos é evitar que prospere.

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