VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

segunda-feira, 14 de março de 2011

VOTO DE REJEIÇÃO

Os fatos marcantes das últimas eleições legislativas – vigência da lei da “ficha limpa” e a eleição do palhaço Tiririca – têm, pelo menos, um ponto em comum: a ampla rejeição da opinião pública à condução a cargos eletivos tanto do palhaço como dos atingidos pela citada lei. Se pesquisa fosse feita, seguramente, 90% dos eleitores diriam não. Por que, então, a estrondosa votação num caso e o apelo ao Judiciário para barrar políticos já condenados no outro?

Ligada ao tema, uma das mais importantes máximas da política eleitoral brasileira foi externada por um deputado gaúcho: “Estou me lixando para a opinião pública”. De fato, apesar do espanto de alguns e revolta de outros, a conquista de 2% dos votos no RS garante a eleição à Assembleia Legislativa, mesmo do candidato rejeitado por 90% dos eleitores.

Além de não sabermos quem é o beneficiário do nosso voto, engodo que é agravado pelas coligações, é fácil constatar que no atual manicômio das eleições proporcionais não há voto de rejeição, os eleitores, mesmo em esmagadora maioria, não conseguem impedir a eleição de qualquer candidato a deputado, basta ele ter um bom nicho eleitoral. Logo, é equivocada a tese, endossada até por intelectuais, de que o povo não sabe votar. Equivocada, também, a tentativa de transferir para o Judiciário a tarefa de barrar maus políticos. Há várias formas de contornar esse problema, porém, a melhor é o sistema de lista fechada, até porque viabiliza o financiamento público de campanhas.

Nele, o eleitor não vota como agora, formalmente apenas, num candidato; ele vota em todos os candidatos da lista ou, então, o que é mais importante, ele rejeita listas inteiras, principalmente, aquelas em cujo topo haja candidatos “ficha suja”, conhecidos corruptos, “tiriricas” etc. Ademais, o sentimento de repulsa será sempre mais forte que eventual simpatia por um candidato, principalmente, se ele não estiver entre os primeiros da lista. De outra parte, é fraca a consistência do argumento de que “caciques”, rejeitados pela opinião pública, estariam sempre ponteando a lista: eles não têm o menor pendor para o suicídio político e a primeira eleição com lista fechada já seria uma grande lição.

Com surpresa, portanto, constata-se que bons políticos, que sempre pregaram o fortalecimento dos verdadeiros partidos, façam restrições ao sistema de lista fechada baseados em alegações superficiais.

Antonio Augusto D'Avila - Economista - Zero Hora, 14/03/2011

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