VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

CARÁTER EXPLORADOR NÃO VINGA NA SOCIEDADE JUSTA





JORNAL DO COMÉRCIO 04/12/2014



EDITORIAL




Discussões em plena sessão do Congresso, vaias, empurrões e impropérios. Os situacionistas acusam a oposição de promover um autêntico “terceiro turno” das eleições. Os contrários dizem que o governo burla a lei e faz o tradicional e nefasto “toma lá dá cá” com as emendas parlamentares, transformando o orçamento em uma peça fictícia, com o primeiro “déficit positivo”. O fato é que os indicadores para o crescimento da economia continuam fracos, beirando a menos de 1% neste 2014.

Isso é muito pouco para um País que precisa crescer, pelo menos, 4% todos os anos, a fim de que a distribuição de renda seja feita pelo modo mais correto, com a geração de empregos formais, produção, exportações e consumo sistemático, via de consequência. No entanto, a divulgação de tantos desvios de dinheiro público, inclusive da merenda e do transporte escolar, em pequeno município do interior de Alagoas, passando pelos empréstimos falsos no Pronaf do Rio Grande do Sul, onde a adulteração do leite voltou, incrivelmente, e assombrando na Petrobras, trouxe desilusão no povo. Ora, sabe-se que, desde o tempo da literatura clássica e medieval até o fim do século XIX, muitos gastaram energia e tempo para descrever como seriam as pessoas boas e a sociedade justa.

No entanto, o século XX chamou a atenção pela ausência de semelhantes devaneios, sem tratados filosóficos, teológicos ou mesmo utopias, como aconteceu antes. Há décadas que se dá maior importância à análise crítica das pessoas e da sociedade, em que surgem implícitas as fantasias sobre como elas deveriam ser. Claro que essa crítica é de suma importância e condição indispensável ao aperfeiçoamento da sociedade, mas a ausência de visões que projetem um brasileiro melhor e um Brasil também melhor levaram a uma paralisação nas pessoas, da sua fé em si mesmas e no nosso futuro, resultantes, concomitantemente, dessa paralisia social que estamos vivendo, embora a ação de órgãos públicos como Polícia Federal, Ministério Público Federal e setores atuantes da Justiça.

A propósito, Georg Christoph Lichtenberg, filósofo alemão, foi taxativo e muito justo quando disse que “Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito”. Há pessoas e setores da sociedade, tanto a brasileira como em outros países, em que o caráter explorador, na base “eu pego o que preciso, não importa por qual meio, correto ou escuso”, é um retrocesso aos ancestrais piratas e feudais, desembocando nos chamados “tubarões” do século XIX, que exploravam os recursos naturais das nações. Havia, então, capitalistas párias e aventureiros perambulando pela terra na busca incessante de lucros. Queriam conquistar o poder e a riqueza. Proclamavam o direito da força e racionalizaram-no, apontando para a lei natural que faz com que o mais forte sobreviva. Assim, amor e decência passaram a ser sinais de debilidade. O pensamento se tornou a ocupação dos covardes e degenerados.

A combinação de um mundo estável, respeitando a propriedade, e uma ética coletiva é que darão à classe média brasileira, a clássica ou a emergente, um sentimento de relacionamento, autoconfiança e orgulho. É isso que se espera do próximo mandato presidencial e do novo governador do Rio Grande do Sul.

Nenhum comentário: