VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O PAÍS EM FRENTE AO ESPELHO


editorial 17
ZERO HORA 17 de dezembro de 2014 | N° 18016


EDITORIAL


O Brasil só irá superar este momento difícil de sua história se estiver disposto a submeter seus erros ao veredicto das instituições.



Está a cargo das instituições, com o respaldo incondicional da sociedade, o atendimento das expectativas criadas pelo desvendamento de parte do Brasil que deve ser passado a limpo. A se- quência de fatos que nos envergonham faz com que, como definiu o respeitado jornal espanhol El País, uma nação inteira comece a se olhar no espelho. Não há outra saída para a reparação de desmandos, se os brasileiros não se dispuserem a apoiar esclarecimentos e a identificação e punição, num dos momentos mais graves da vida nacional.

A duas semanas do final do ano e 18 meses depois dos movimentos de junho de 2013, que mudaram a pauta dos debates, o Brasil contabiliza os custos das múltiplas chagas enfrentadas nos últimos meses. Da denúncia de dezenas de envolvidos no escândalo da Petrobras, incluindo dirigentes de empreiteiras, à notificação de empresas envolvidas nas fraudes em licitações de trens em São Paulo, com o bloqueio de R$ 600 milhões dos responsáveis, e até mesmo ao relatório da Comissão Nacional da Verdade, com novas luzes sobre o período do regime de exceção, há sinais de que o país começa finalmente a enfrentar suas mazelas. Negar-se a confrontá-las com o desejo real de mudanças é desperdiçar uma oportunidade rara que a História nos oferece.

O conjunto de situações que denunciam casos atuais – como o escândalo que abala nossa maior estatal – e iluminam um passado recente, como as questões ainda em aberto postas pela Comissão da Verdade, desafiam o Brasil a não fugir da resposta às suas grandes indagações. Por que até agora o país foi incapaz, por exemplo, de estancar a sangria da corrupção? Que forças conspiram contra a vontade dos que perseguem a correção na conduta dos que nos governam, em todas as esferas de poder?

O preço a pagar por essa revisão cívica é grande, sob o ponto de vista financeiro, moral, psicológico, pois o processo impõe prejuízos econômicos como os vistos no caso Petrobras, além de provocar sentimentos como indignação, pessimismo e redução da autoestima. Esse verdadeiro choque de ética, porém, para o qual o Brasil rumou com atraso, vai compensar se contribuir para a retomada do otimismo da sociedade em relação ao futuro. Isso vai depender da determinação de todos de enfrentar as deformações que o espelho mostra hoje. E a viabilização desse esforço começa pela efetividade da estrutura institucional do país.

Nenhum comentário: