ZH 04 de dezembro de 2014 | N° 18003
POLÍTICA MAIS | Rosane de Oliveira
A despeito da opção de José Ivo Sartori por manter as informações da transição restritas a um seleto grupo de colaboradores, nas conversas com líderes empresariais ele tem dado sinais de que adotará medidas impopulares e que vai precisar de apoio para fazer o ajuste fiscal. O que isso significa na prática? Que o governo vai tentar evitar a expansão dos gastos, porque esgotaram-se as fontes heterodoxas de financiamento do déficit.
Com a previsão de que neste ano faltarão mais de R$ 5 bilhões para fechar as contas, Sartori tentará propor um pacto para evitar atrasos no pagamento da folha. Esse acordo inclui o congelamento de salários e a revisão de cada item das despesas para identificar onde é possível economizar. Gastos com diárias deverão ser cortados drasticamente e os cargos em comissão reduzidos em pelo menos 20%. Mesmo que o impacto financeiro seja mínimo, o corte de CCs tem o objetivo de sinalizar à sociedade que o governo está disposto a dar a sua parcela de contribuição.
O pacote de medidas amargas deve incluir o congelamento das nomeações de novos servidores, apesar da carência de policiais civis e militares e do clamor da população por medidas que aumentem a segurança. Nas escolas, um dos caminhos possíveis é a readequação do quadro, para melhor ajustar a relação entre número de professores e de alunos.
Como a margem para a redução das despesas é estreita, a saída mais óbvia para a crise é aumentar receita, mas isso não se faz por decreto. O governo tentará eliminar barreiras que travam o crescimento, entre as quais a burocracia para a obtenção de licenças, sobretudo as ambientais.
Como os recursos para investimento são escassos, o governo vai apostar em concessões e parcerias público-privadas. O problema é que o P de “público” fica comprometido diante da falta de recursos e da insegurança jurídica que espanta investidores. Além disso, os processos são lentos e, dificilmente, se conseguirá fechar uma PPP no primeiro ano de governo.
DEPUTADO SOB PRESSÃO
Acusado de crimes eleitorais como abuso de poder, captação ilícita e conduta vedada, o presidente da Assembleia, o pedetista Gilmar Sossella (E), depôs ontem no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) em processo movido pelo Ministério Público para cassar o seu diploma de deputado estadual. Ele disse ser inocente da acusação de ter obrigado funcionários da Casa a comprarem convites para um jantar da campanha e chegou a chorar durante a sua fala.
A defesa de Sossella convocou 40 testemunhas, enquanto a acusação levou 15. Desde o início da manhã, o deputado acompanhou todos os depoimentos, inclusive os de acusação. As testemunhas seguirão sendo ouvidas hoje.
O caso deverá ser examinado pelo pleno do Tribunal, mas ainda não há data definida. Dificilmente o julgamento ocorrerá antes da diplomação dos eleitos, marcada para 18 de dezembro. Além da cassação do seu diploma, o MP pede que Sossella seja multado e perca os direitos políticos.
PP ENCAMINHA DEFINIÇÕES
Uma reunião entre líderes do PP e o governador eleito José Ivo Sartori, ontem, deu sequência à discussão sobre a participação do partido no governo. Embora Sartori não tenha definido quais serão as secretarias oferecidas a integrantes do PP – provavelmente de duas a três pastas –, a sigla apresentou alguns nomes de possíveis secretários.
Além do deputado Ernani Polo, cogitado para a Agricultura, e da empresária Simone Leite, estão cotados o ex-prefeito de Pelotas Adolfo Fetter Jr., o vereador Kevin Krieger e o ex-presidente da Famurs Marcus Vinícius Vieira de Almeida.
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