ZERO HORA 10 de dezembro de 2014 | N° 18009
OPERAÇÃO LAVA-JATO
RODRIGO JANOT sugeriu a substituição dos dirigentes da estatal e afirmou que corruptos e corruptores precisam conhecer o cárcereEm um duro discurso na manhã de ontem, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o escândalo na Petrobras “convulsiona” o país e, como “um incêndio de largas proporções” consome a estatal e produz “chagas que corroem a probidade e as riquezas da nação”.
Janot disse ver “um cenário tão desastroso na gestão” da empresa e prometeu “não descansar” para fazer com que todos respondam pelos crimes cometidos. O procurador, que sugeriu a substituição dos dirigentes da estatal, afirmou que a corrupção é um problema que “mata e sangra” e disse que “corruptos e corruptores precisam conhecer o cárcere”.
– Urge um olhar detido sobre a Petrobras, em especial sobre os procedimentos de controle a que está submetida. Em se tratando de uma sociedade de economia mista, com a presença de capital majoritário da União, é necessário maior rigor e transparência na sua forma de atuar – afirmou.
A Procuradoria tem conduzido as investigações da Lava- Jato com a constituição de uma “força-tarefa” atuante no Paraná, onde se concentra a apuração do caso, conduzido pelo juiz Sergio Moro. Janot foi responsável pela criação do grupo de procuradores e compete a ele pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de ação penal nos casos em que há envolvimento de autoridades ou parlamentares com foro privilegiado.
MINISTRO DIZ QUE NÃO HÁ RAZÃO PARA FAZER TROCAS
Janot garantiu que a “resposta aos que assaltaram a Petrobras será firme” dentro e fora do país e disse que caberá aos procuradores que atuam na primeira instância do Judiciário propor ações penais e de improbidade “contra todos aqueles que roubaram o orgulho dos brasileiros pela sua companhia”. A ele próprio, disse, cabe apoiar a atuação dos colegas e apresentar ação penal contra os detentores de foro especial.
– Ninguém se beneficiará de ajustes espúrios, podem ter certeza – prometeu Janot.
Ele informou que em janeiro uma missão de procuradores da República irá aos Estados Unidos para cooperar com o Departamento de Justiça americano e “sufocar” criminosos que se valeram de fraudes e lavagem de dinheiro para “destruir” o patrimônio e a marca da Petrobras.
As declarações foram feitas na abertura de evento organizado pela Procuradoria em celebração ao Dia Internacional de Combate à Corrupção. Presente no mesmo encontro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu Janot horas mais tarde.
– Afirmamos e reafirmamos que não existem quaisquer indícios ou suspeitas que recaem sobre a pessoa da presidente Graça Foster e da atual direção – disse Cardozo em coletiva realizada no Ministério da Justiça. – A posição do governo é que não há razão para que os atuais diretores sejam afastados. Não estou dando um recado, mas uma posição do governo a partir de uma sugestão do procurador-geral da República. Estou dizendo que não há indício contra a atual diretoria.
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