REVISTA ISTO É N° Edição: 2342 10.Out.14 - 20:00
Carlos José Marques, diretor editoria
Ao longo das quatro últimas campanhas presidenciais – incluindo esta na conta –, em um equívoco de raízes históricas nos últimos 12 anos, o conceito de apartheid social e geográfico no Brasil dividindo ricos e pobres, Norte e Sul, vingou como tática de ataque do Partido dos Trabalhadores para arregimentar votos na base da falsa cizânia. Líderes da legenda apelaram para uma espécie de guerra da secessão fantasiosa, ignorando laços sentimentais e pilares federativos que sacramentam a Nação.Tudo em nome da vitória final, do “vale-tudo” a qualquer custo, como se pudessem separar o País em dois brasis. Logo que saiu o resultado das urnas no início da semana passada, Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais, licenciado do cargo para engrossar o pelotão de frente da candidata Dilma, voltou a recorrer ao mesmo subterfúgio ao avaliar a batalha do segundo turno: “Vamos para a luta do pobre contra o rico, do bem contra o mal”. O antagonismo sem fundamento, que naturalmente desperta reações exacerbadas por alimentar sentimentos bairristas adormecidos, é conveniente às pretensões de perpetuação de poder do partido. Na ausência de um conteúdo programático consistente, de um plano de governo para os desafios que se apresentam, nada melhor que incitar a animosidade de torcidas, o “Fla-Flu” irracional típico nas platitudes dos gramados de futebol, que fora dali apenas desvirtua a realidade e ilude os incautos. Não bastou muito para que a intenção de Berzoini, em forma de profecia, se concretizasse. Tomando por mote um comentário do ex-presidente Fernando Henrique sobre os votos dos menos informados, logo seu arquirrival Lula viu a chance de mais uma vez carimbar o mantra divisionista. “É um absurdo que o Nordeste e os nordestinos sejam caracterizados como ignorantes.” Em nenhum momento foi o que disse FHC, mas a deturpação dos fatos em prol da versão preconceituosa servia ao intento. Em resposta o tucano tripudiou: “Ele quer transformar uma categoria do IBGE em insulto. Daqui a pouco ele só será ouvido em programas humorísticos”. Não era a primeira vez que Lula apontava tal arma nesse tipo de contenda. Já em 2006, na disputa com o também tucano Geraldo Alckmin, radicalizou. Pregou no adversário a pecha de elitista e se autoproclamou “pai dos pobres” na propaganda eleitoral. Sua pupila Dilma, advogando em causa própria, quer repetir a fórmula. Voltou a endossar Lula, alegando em palanque no Piauí que “tem gente que olha para o Nordeste com olhar de quem governou o País só para outra região”. Sabem ambos que a alegação não é condizente com a verdade. O Plano Real, de estabilização da economia, elaborado e levado a campo na gestão tucana, foi o maior motor de resgate social do País ao derrotar a inflação e estabelecer as bases do desenvolvimento sustentável. Desse berço saíram os avanços sociais que, a despeito das lorotas populistas, beneficiaram todos os brasileiros, indistintamente, do Oiapoque ao Chuí, de norte a sul. O resto é discurso eleitoreiro.
Carlos José Marques, diretor editoria
Ao longo das quatro últimas campanhas presidenciais – incluindo esta na conta –, em um equívoco de raízes históricas nos últimos 12 anos, o conceito de apartheid social e geográfico no Brasil dividindo ricos e pobres, Norte e Sul, vingou como tática de ataque do Partido dos Trabalhadores para arregimentar votos na base da falsa cizânia. Líderes da legenda apelaram para uma espécie de guerra da secessão fantasiosa, ignorando laços sentimentais e pilares federativos que sacramentam a Nação.Tudo em nome da vitória final, do “vale-tudo” a qualquer custo, como se pudessem separar o País em dois brasis. Logo que saiu o resultado das urnas no início da semana passada, Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais, licenciado do cargo para engrossar o pelotão de frente da candidata Dilma, voltou a recorrer ao mesmo subterfúgio ao avaliar a batalha do segundo turno: “Vamos para a luta do pobre contra o rico, do bem contra o mal”. O antagonismo sem fundamento, que naturalmente desperta reações exacerbadas por alimentar sentimentos bairristas adormecidos, é conveniente às pretensões de perpetuação de poder do partido. Na ausência de um conteúdo programático consistente, de um plano de governo para os desafios que se apresentam, nada melhor que incitar a animosidade de torcidas, o “Fla-Flu” irracional típico nas platitudes dos gramados de futebol, que fora dali apenas desvirtua a realidade e ilude os incautos. Não bastou muito para que a intenção de Berzoini, em forma de profecia, se concretizasse. Tomando por mote um comentário do ex-presidente Fernando Henrique sobre os votos dos menos informados, logo seu arquirrival Lula viu a chance de mais uma vez carimbar o mantra divisionista. “É um absurdo que o Nordeste e os nordestinos sejam caracterizados como ignorantes.” Em nenhum momento foi o que disse FHC, mas a deturpação dos fatos em prol da versão preconceituosa servia ao intento. Em resposta o tucano tripudiou: “Ele quer transformar uma categoria do IBGE em insulto. Daqui a pouco ele só será ouvido em programas humorísticos”. Não era a primeira vez que Lula apontava tal arma nesse tipo de contenda. Já em 2006, na disputa com o também tucano Geraldo Alckmin, radicalizou. Pregou no adversário a pecha de elitista e se autoproclamou “pai dos pobres” na propaganda eleitoral. Sua pupila Dilma, advogando em causa própria, quer repetir a fórmula. Voltou a endossar Lula, alegando em palanque no Piauí que “tem gente que olha para o Nordeste com olhar de quem governou o País só para outra região”. Sabem ambos que a alegação não é condizente com a verdade. O Plano Real, de estabilização da economia, elaborado e levado a campo na gestão tucana, foi o maior motor de resgate social do País ao derrotar a inflação e estabelecer as bases do desenvolvimento sustentável. Desse berço saíram os avanços sociais que, a despeito das lorotas populistas, beneficiaram todos os brasileiros, indistintamente, do Oiapoque ao Chuí, de norte a sul. O resto é discurso eleitoreiro.
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