ZERO HORA 19 de outubro de 2014 | N° 17957
EDITORIAL
Pesquisas eleitorais erram e acertam, mas é improvável que institutos de opinião ousem colocar sua credibilidade em risco com manipulações e que se possa vetar sua divulgação.
A cada eleição e especialmente em pleitos acirrados como a atual disputa presidencial, as manifestações pela proibição de pesquisas eleitorais voltam com força. Sob alegações como a de que os levantamentos são manipulados, influem na vontade do eleitor e têm pouca confiabilidade, há quem chegue a defender até o veto à divulgação dos resultados. Uma iniciativa desse tipo, porém, seria atentatória ao direito de informação, e o veto poderia gerar uma deformação ainda maior, que seria o uso desregrado desse instrumento de convencimento. Pesquisas são importantes como informação e como retrato momentâneo das intenções de voto do eleitorado. Por isso, devem ser consideradas na sua real dimensão. Não podem ser vistas como sentença definitiva, até mesmo porque o eleitor dispõe de garantias democráticas e de livre-arbítrio para mudar o seu voto até o momento de apertar a tecla de confirmação.
Por uma série de razões, as pesquisas de opinião pública foram amplamente contestadas ao final do primeiro turno. A principal delas é que os resultados oficiais mostraram- se distintos, em muitos casos, dos percentuais divulgados por institutos de opinião pública devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não raramente, a discrepância ocorreu muito acima da chamada margem de erro, que já é ampla. A razão mais alegada – um maior grau de indefinição dos eleitores, que levou mais gente a definir seu voto ou mesmo a alterá-lo quase em frente à urna – não foi considerada consistente pela maioria dos eleitores.
O fato concreto é que pesquisas eleitorais erram e acertam, mas é improvável que institutos de opinião ousem colocar sua credibilidade em risco com manipulações e que se possa vetar sua divulgação. Privados de pesquisas, num confronto acirrado como o da eleição presidencial, os eleitores enfrentariam a campanha eleitoral como se estivessem no escuro, sem qualquer indicativo sobre as chances dos candidatos.
Por isso, como os levantamentos continuariam sendo feitos em alguns meios, dando margem a boatarias nas redes sociais, o melhor é preservar a forma democrática como os resultados são divulgados hoje. Eventuais excessos precisam ser assumidos pelos responsáveis, que dependem de credibilidade para seguir atuando nessa área.
Editorial publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na quinta-feira, com links para Facebook e Twitter. Os comentários para a edição impressa foram selecionados até as 18h de sexta-feira. A questão: Você concorda que pesquisas eleitorais, mesmo errando, são ferramentas essenciais?
O LEITOR CONCORDA
Sou a favor das pesquisas, mas, como método indutivo, deveriam contemplar um número bem maior de entrevistados. Sou contra pesquisas no final da campanha, ou seja: na última semana.
CARLOS RENATO DOS SANTOS COSTA, SANTA CRUZ DO SUL (RS)
O LEITOR DISCORDA
Não concordo. Acho que há muita manipulação para influenciar a opinião dos indecisos. Que diferença faz saber quem tem mais chance de vencer? No dia das eleições, as urnas é que vão dizer, com precisão, quem a população quer. Para mim, pesquisas são totalmente desnecessárias. Os indecisos que se informem sobre as propostas de cada candidato. Se basear por quem está melhor nas pesquisas, entre outras formas, não é maneira de decidir voto.
ROSÁLIA RODRIGUES PORTO ALEGRE (RS)
Essencial para quê? Como se porventura o eleitor necessitasse de pesquisa para decidir o voto. Ao contrário, a pesquisa é maléfica à democracia, porque induz o eleitor menos consciente a votar em quem a pesquisa sugere que está na frente. Pesquisa: por que e para quê?
MARTINHO PETRY MARAVILHA (SC)
Discordo, pois entendo que as pesquisas eleitorais, mesmo sem ter a intenção, acabam influenciando a decisão de voto de muitas pessoas. E, sendo uma pesquisa errada, é pior ainda.
REGIS PASQUALOTTIBOQUEIRÃO DO LEÃO (RS)
Discordo e acho que são manipuladoras. Não concordo com elas.
JORGE BASSANI CAXIAS DO SUL (RS)
Discordo! Porque implica, na verdade, tentar influenciar pessoas sem nenhuma informação a votar no candidato só porque ele está na frente. E o que mais temos, principalmente aqui no RS, são eleitores totalmente desinformados do que ocorre ao seu redor. O que decide mesmo é o resultado final das urnas.
ABREU MARTINS DA SILVAPORTO ALEGRE (RS)
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