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terça-feira, 28 de outubro de 2014

IDEOLOGIA E POLÍTICA



ZERO HORA 28 de outubro de 2014 | N° 17966


LUIZ PAULO VASCONCELLOS




Quando você estiver lendo esta coluna, já saberemos quem é o presidente da República e o governador do Estado. Hoje, enquanto escrevo, ainda não sei. Mas sei que neste nosso pobre e amado país, a política acabou. Desandou. Foi pro brejo. Varrida pra debaixo do tapete. Por quê? Porque não pode existir política sem haver ideologia e as ideologias foram por água abaixo, superadas pela “governabilidade”, ou seja, pela arte de dar um jeitinho para não perder o poder. E dar um jeitinho, sabemos todos, é a arte na qual o brasileiro é mestre.

Querem um exemplo? Será que são necessários mais de 30 partidos políticos? Será que existem mais de 30 diferentes propostas ideológicas? Porque a existência de um partido se justifica na medida em que existe uma ideologia que o sustente. Não havendo, não é um partido. Nem mesmo uma facção. “Muita saúva e pouca saúde os males do Brasil são”, como escreveu o genial Mário de Andrade no seu romance Macunaíma.

O Aurélio define “política” como sendo o “sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos”. E “ideologia” como sendo a “ciência da formação das ideias, pensamento teórico que pretende desenvolver seus próprios princípios”. Portanto, podemos concluir que, sem um pensamento teórico, não há como existir um sistema de regras, e, sem um sistema de regras, não há como existir uma práxis, um método, uma ação.

Segundo o ator e poeta Raul Machado, por sua vez inspirado no filósofo francês Paul Ricoeur, a ideologia é o que fundamenta uma visão de mundo compartilhada por um grupo social, apoiando uma ordem política, econômica e cultural. Não havendo ideologia – ou melhor, havendo mais de 30 ideologias, que é o mesmo que não haver nenhuma, só resta a politicagem, a pilantragem, a corrupção e, pior do que tudo isso, a impunidade. Do que, aliás, estamos bem servidos. Basta ler ou assistir aos jornais diários. Basta agradecer às delações premiadas e concordar que o governo pague mensalmente o auxílio-reclusão e o auxílio-moradia. Mas que país é esse?!

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