ZH 25/10/2014 | 03h01
Disputa pelo Planalto. Veja se o que Aécio e Dilma disseram no debate é verdade. ZH conferiu, com base em dados e estatísticas oficiais, declarações dos candidatos no último duelo antes da eleição
por Débora Ely e Marcelo Gonzatto
Foto: Editoria de arte
Os candidatos à presidência Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) duelaram, na noite de sexta-feira, no último debate antes do segundo turno das eleições.
Durante e depois do programa organizado pela Rede Globo e transmitido pela RBS TV, Zero Hora conferiu as declarações feitas pelos dois concorrentes. A reportagem faz parte da série É Isso Mesmo?, lançada por ZH em 1º de setembro com a intenção de confrontar declarações dos candidatos ao Palácio do Planalto com dados oficiais.
Aécio e Dilma trocam farpas no último debate
Veja os melhores memes e tuítes sobre o debate
AÉCIO NEVES
"Temos uma taxa de investimentos de 16% do PIB, a pior da década."
O percentual citado pelo senador está arredondado, mas muito próximo do real. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), "a taxa de investimento no segundo trimestre de 2014 foi de 16,5% do PIB, inferior à taxa observada em igual período do ano anterior (18,1%)".
Conforme reportagem da Agência Brasil e as informações do IBGE, foi o pior resultado para o segundo trimestre desde 2006, quando ficou em 16,4% do PIB. Assim, a taxa atual é a mais baixa desta década _ desde que se entenda a década como o período iniciado em 2011, e não os últimos 10 anos.
"Quem derrubou o fim do fator previdenciário foi o Lula, porque vetou projeto que acabava com ele."
O site do Senado informa: "A medida (fator previdenciário), que está em vigor, foi, no entanto, derrubada no Senado por projeto de lei (PLS 296/03) de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), aprovado em abril de 2008, que tramita na Câmara dos Deputados. Foi também extinta pelo Projeto de Lei de Conversão (PLV) 2/10, aprovado pela Câmara e o Senado em maio de 2010, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou essa parte do projeto, mantendo, portanto, o Fator Previdenciário."
"Eu governei Minas Gerais e levei (o Estado) a ter a melhor Educação Fundamental do Brasil."
Aécio Neves foi governador de Minas Gerais entre 2003 e 2010. Um dos indicadores mais abrangentes utilizados para avaliar a educação no país é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que leva em conta o desempenho dos alunos em exames padronizados e taxas de aprovação.
Segundo o Ideb de 2009 (ele é calculado a cada dois anos), Minas Gerais ocupava o primeiro lugar do ranking nacional de todos os sistemas de ensino nas séries iniciais (até a 4ª série/5º ano), com média de 5,6, ao lado do Distrito Federal. Quando se analisam as séries finais (até 8ª série/9º ano), porém, Minas cai para a terceira posição com nota 4,3. São Paulo e Santa Catarina ficam em primeiro, com 4,5, e o Distrito Federal aparece em segundo, com 4,4.
Levando-se em conta apenas a rede estadual, Minas também ficou em primeiro nas séries iniciais, e na terceira posição nas séries finais do Ensino Fundamental em 2009.
"A (ferrovia) Transnordestina, orçada em R$ 4 bilhões, já gastou R$ 8 bilhões e não se sabe quando vai acabar..."
A construção de 1,7 mil quilômetros de ferrovias interligando os Estados do Piauí, Ceará e Pernambuco foi inicialmente orçada em R$ 4,5 bilhões, e a última estimativa oficial apresentada no 10º balanço do Programa de Aceleração do Crescimento prevê um gasto final de R$ 7,5 bilhões, em vez de R$ 8 bilhões. Embora os valores não estejam tão distantes daqueles citados pelo candidato, representam uma variação de 67%, e não de 100%, como sugeriu Aécio.
Segundo o Ministério do Planejamento, a diferença entre a estimativa inicial e a atual (67%) é inferior à variação do Índice Nacional da Construção Civil entre 2007 e 2014 (72,95%). A data prevista de conclusão é 2016, mas a obra já sofreu sucessivos atrasos.
"Hoje, 52% dos domicílios brasileiros não têm esgotamento sanitário adequado."
O Brasil ainda tem um elevado índice de moradias sem esgotamento sanitário apropriado, o que resulta em problemas de saúde, mas os dados oficiais mais recentes não confirmam o percentual exato citado pelo candidato.
Conforme o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 44,55% dos domicílios não tinham esgotamento sanitário adequado (nenhum tipo ou dependendo de valas, rios, entre outros métodos), e 55,45% contavam com coleta por rede geral. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a proporção de casas ligadas a redes coletoras chegou a 58% em 2013 _ mas ainda longe do ideal.
DILMA ROUSSEFF
"Nos últimos 10 anos, nós mantivemos a inflação dentro dos limites da meta. Quem não mantinha a inflação dentro dos limites, era o governo Fernando Henrique."
Quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deixou a Presidência da República, em 2002, a inflação estava em 12,53%, acima da meta de 3,5% com limite de até 5,5%. No primeiro ano do governo Lula (PT), a inflação de 9,3% se manteve acima da meta ajustada, de 8,5%. Desde 2004, a inflação do país ficou dentro do limite da meta. Neste ano, apesar de o índice estar em 6,75% no período de 12 meses encerrado em setembro (outubro de 2013 a setembro de 2014), a expectativa do mercado financeiro é que 2014 feche com inflação bastante próxima de 6,5% — no teto da meta.
"Nós temos uma taxa de desemprego de 4,9%".
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil caiu de 5% em agosto para 4,9% em setembro na seis regiões metropolitanas avaliadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME). É o menor patamar para o mês em toda a séria histórica, que começou em 2002.
"O senhor concorda com seu candidato a ministro da Fazenda (Armínio Fraga) de que o salário mínimo está alto demais?"
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo em abril deste ano, o ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga disse que "o salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos" e que "mesmo as grandes lideranças sindicais reconhecem que, não apenas o salário mínimo, mas o salário em geral, precisa guardar alguma proporção com a produtividade". Porém, após acusação de Dilma de que o coordenador econômico da campanha de Aécio quer "diminuir" o salário mínimo, Fraga disse que a presidente está "mal informada".
— Defendo que qualquer política econômica digna do nome tem que ter por objetivo aumentar o salário e a renda das pessoas, especialmente os mais pobres, que se beneficiam de aumentos reais no salário mínimo — defendeu em entrevista ao portal Terra.
Em nota, o nomeado ministro da Fazenda por Aécio ainda afirmou que "há muito espaço para os salários crescerem", mas que, para isso, "a economia precisa crescer, o que não vem ocorrendo".
"Vocês, em oito anos, fizeram 11 escolas técnicas federais. Nós, candidato, fizemos 422: o Lula, 214, e eu, 208. O meu número é só 1.608% maior do que vocês fizeram em oito anos".
Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, o Brasil possuía 140 campi de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), conforme dados do Ministério da Educação. Entre 2003 e 2010, no governo Lula, foram feitos 214 campi, chegando a 354. Porém, entre 2011 e 2014, a expectativa do governo é de instalar 208 institutos, totalizando 422. Segundo os dados do próprio ministério divulgados em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, 193 unidades estão em funcionamento — 15 a menos do que a promessa da presidente.
"O senhor conseguiu transformar Minas Gerais no segundo Estado mais endividado do Brasil".
Em 2010, último ano do governo Aécio em Minas Gerais, a dívida do Estado mineiro com o Tesouro Nacional e os bancos brasileiros chegou a R$ 63,3 bilhões — de fato, a segunda maior entre todos os Estados brasileiros, atrás apenas de São Paulo, que somava R$ 170,6 bilhões. Porém, antes de o tucano assumir o cargo, Minas Gerais já aparecia na segunda colocação. Em 2002, no final do governo de Itamar Franco, a dívida do Estado mineiro era de R$ 32,9 bilhões — atrás apenas de São Paulo, que chegava a R$ 104,4 bilhões. Critérios de classificação
É verdade: a informação está correta e corresponde aos dados e estatísticas oficiais
Não é bem assim: parte da sentença está correta, mas há imprecisão no que está sendo dito
Não procede: o concorrente está equivocado no que diz
Disputa pelo Planalto. Veja se o que Aécio e Dilma disseram no debate é verdade. ZH conferiu, com base em dados e estatísticas oficiais, declarações dos candidatos no último duelo antes da eleição
por Débora Ely e Marcelo Gonzatto
Foto: Editoria de arte
Os candidatos à presidência Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) duelaram, na noite de sexta-feira, no último debate antes do segundo turno das eleições.
Durante e depois do programa organizado pela Rede Globo e transmitido pela RBS TV, Zero Hora conferiu as declarações feitas pelos dois concorrentes. A reportagem faz parte da série É Isso Mesmo?, lançada por ZH em 1º de setembro com a intenção de confrontar declarações dos candidatos ao Palácio do Planalto com dados oficiais.
Aécio e Dilma trocam farpas no último debate
Veja os melhores memes e tuítes sobre o debate
AÉCIO NEVES
"Temos uma taxa de investimentos de 16% do PIB, a pior da década."
O percentual citado pelo senador está arredondado, mas muito próximo do real. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), "a taxa de investimento no segundo trimestre de 2014 foi de 16,5% do PIB, inferior à taxa observada em igual período do ano anterior (18,1%)".
Conforme reportagem da Agência Brasil e as informações do IBGE, foi o pior resultado para o segundo trimestre desde 2006, quando ficou em 16,4% do PIB. Assim, a taxa atual é a mais baixa desta década _ desde que se entenda a década como o período iniciado em 2011, e não os últimos 10 anos.
"Quem derrubou o fim do fator previdenciário foi o Lula, porque vetou projeto que acabava com ele."
O site do Senado informa: "A medida (fator previdenciário), que está em vigor, foi, no entanto, derrubada no Senado por projeto de lei (PLS 296/03) de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), aprovado em abril de 2008, que tramita na Câmara dos Deputados. Foi também extinta pelo Projeto de Lei de Conversão (PLV) 2/10, aprovado pela Câmara e o Senado em maio de 2010, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou essa parte do projeto, mantendo, portanto, o Fator Previdenciário."
"Eu governei Minas Gerais e levei (o Estado) a ter a melhor Educação Fundamental do Brasil."
Aécio Neves foi governador de Minas Gerais entre 2003 e 2010. Um dos indicadores mais abrangentes utilizados para avaliar a educação no país é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que leva em conta o desempenho dos alunos em exames padronizados e taxas de aprovação.
Segundo o Ideb de 2009 (ele é calculado a cada dois anos), Minas Gerais ocupava o primeiro lugar do ranking nacional de todos os sistemas de ensino nas séries iniciais (até a 4ª série/5º ano), com média de 5,6, ao lado do Distrito Federal. Quando se analisam as séries finais (até 8ª série/9º ano), porém, Minas cai para a terceira posição com nota 4,3. São Paulo e Santa Catarina ficam em primeiro, com 4,5, e o Distrito Federal aparece em segundo, com 4,4.
Levando-se em conta apenas a rede estadual, Minas também ficou em primeiro nas séries iniciais, e na terceira posição nas séries finais do Ensino Fundamental em 2009.
"A (ferrovia) Transnordestina, orçada em R$ 4 bilhões, já gastou R$ 8 bilhões e não se sabe quando vai acabar..."
A construção de 1,7 mil quilômetros de ferrovias interligando os Estados do Piauí, Ceará e Pernambuco foi inicialmente orçada em R$ 4,5 bilhões, e a última estimativa oficial apresentada no 10º balanço do Programa de Aceleração do Crescimento prevê um gasto final de R$ 7,5 bilhões, em vez de R$ 8 bilhões. Embora os valores não estejam tão distantes daqueles citados pelo candidato, representam uma variação de 67%, e não de 100%, como sugeriu Aécio.
Segundo o Ministério do Planejamento, a diferença entre a estimativa inicial e a atual (67%) é inferior à variação do Índice Nacional da Construção Civil entre 2007 e 2014 (72,95%). A data prevista de conclusão é 2016, mas a obra já sofreu sucessivos atrasos.
"Hoje, 52% dos domicílios brasileiros não têm esgotamento sanitário adequado."
O Brasil ainda tem um elevado índice de moradias sem esgotamento sanitário apropriado, o que resulta em problemas de saúde, mas os dados oficiais mais recentes não confirmam o percentual exato citado pelo candidato.
Conforme o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 44,55% dos domicílios não tinham esgotamento sanitário adequado (nenhum tipo ou dependendo de valas, rios, entre outros métodos), e 55,45% contavam com coleta por rede geral. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a proporção de casas ligadas a redes coletoras chegou a 58% em 2013 _ mas ainda longe do ideal.
DILMA ROUSSEFF
"Nos últimos 10 anos, nós mantivemos a inflação dentro dos limites da meta. Quem não mantinha a inflação dentro dos limites, era o governo Fernando Henrique."
Quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deixou a Presidência da República, em 2002, a inflação estava em 12,53%, acima da meta de 3,5% com limite de até 5,5%. No primeiro ano do governo Lula (PT), a inflação de 9,3% se manteve acima da meta ajustada, de 8,5%. Desde 2004, a inflação do país ficou dentro do limite da meta. Neste ano, apesar de o índice estar em 6,75% no período de 12 meses encerrado em setembro (outubro de 2013 a setembro de 2014), a expectativa do mercado financeiro é que 2014 feche com inflação bastante próxima de 6,5% — no teto da meta.
"Nós temos uma taxa de desemprego de 4,9%".
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil caiu de 5% em agosto para 4,9% em setembro na seis regiões metropolitanas avaliadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME). É o menor patamar para o mês em toda a séria histórica, que começou em 2002.
"O senhor concorda com seu candidato a ministro da Fazenda (Armínio Fraga) de que o salário mínimo está alto demais?"
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo em abril deste ano, o ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga disse que "o salário mínimo cresceu muito ao longo dos anos" e que "mesmo as grandes lideranças sindicais reconhecem que, não apenas o salário mínimo, mas o salário em geral, precisa guardar alguma proporção com a produtividade". Porém, após acusação de Dilma de que o coordenador econômico da campanha de Aécio quer "diminuir" o salário mínimo, Fraga disse que a presidente está "mal informada".
— Defendo que qualquer política econômica digna do nome tem que ter por objetivo aumentar o salário e a renda das pessoas, especialmente os mais pobres, que se beneficiam de aumentos reais no salário mínimo — defendeu em entrevista ao portal Terra.
Em nota, o nomeado ministro da Fazenda por Aécio ainda afirmou que "há muito espaço para os salários crescerem", mas que, para isso, "a economia precisa crescer, o que não vem ocorrendo".
"Vocês, em oito anos, fizeram 11 escolas técnicas federais. Nós, candidato, fizemos 422: o Lula, 214, e eu, 208. O meu número é só 1.608% maior do que vocês fizeram em oito anos".
Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, o Brasil possuía 140 campi de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), conforme dados do Ministério da Educação. Entre 2003 e 2010, no governo Lula, foram feitos 214 campi, chegando a 354. Porém, entre 2011 e 2014, a expectativa do governo é de instalar 208 institutos, totalizando 422. Segundo os dados do próprio ministério divulgados em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, 193 unidades estão em funcionamento — 15 a menos do que a promessa da presidente.
"O senhor conseguiu transformar Minas Gerais no segundo Estado mais endividado do Brasil".
Em 2010, último ano do governo Aécio em Minas Gerais, a dívida do Estado mineiro com o Tesouro Nacional e os bancos brasileiros chegou a R$ 63,3 bilhões — de fato, a segunda maior entre todos os Estados brasileiros, atrás apenas de São Paulo, que somava R$ 170,6 bilhões. Porém, antes de o tucano assumir o cargo, Minas Gerais já aparecia na segunda colocação. Em 2002, no final do governo de Itamar Franco, a dívida do Estado mineiro era de R$ 32,9 bilhões — atrás apenas de São Paulo, que chegava a R$ 104,4 bilhões. Critérios de classificação
É verdade: a informação está correta e corresponde aos dados e estatísticas oficiais
Não é bem assim: parte da sentença está correta, mas há imprecisão no que está sendo dito
Não procede: o concorrente está equivocado no que diz
Nenhum comentário:
Postar um comentário