VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

DO PRECONCEITO À POLÍTICA


ZERO HORA 30 de outubro de 2014 | N° 17968


JULICE SALVAGNI



Acerca do desfecho das eleições, um discurso pertinente vem a ser a clarificação de um debate do que estava crescendo potencialmente de modo silenciado. Afinal, dar voz às expressões xenofóbicas, racistas, classistas, machistas ou separatistas só é pertinente quando o desígnio é corrompê-las sob qualquer perspectiva.

Independentemente do posicionamento político que se assuma, com o advir dessas manifestações odiosas, só se pode constatar que há uma falha grave na sociedade no que tange à compreensão da verdadeira política, sob sua noção mais contemplativa. Trata-se, pois, de compreender e avaliar os limites de cada interferência de Estado, suas apropriações e limitações, bem como saber distinguir os projetos de governos e opositores, mesmo que para isso deva-se observar as suas sutilezas. Na ocasião, despejam-se deliberadamente nos Estados atribuições que nem sequer lhes são cabíveis, e as discussões de políticas públicas, quando acontecem, pouco se aprofundam com veemência, dada a ênfase nas acusações de corrupção, não menos importantes, mas das quais raras legendas conseguem sair impunes.

Criaram-se, assim, mitos partidários envoltos por algumas máximas que permeiam na população, ausentes de qualquer condição crítica, compondo um cenário de fanatismos infundados que faz do arcabouço partidário um arranjo muito mais composto por interesses do que propriamente por ideologias. Sendo assim, os defensores das políticas públicas seguem inquestionáveis quanto ao modelo desenvolvimentista aplicado, enquanto, por sua vez, os que emplacam com o adiantamento econômico do país a qualquer custo, passam, quando muito, a defender apenas ficticiamente as políticas sociais, haja vista o destilar de preconceitos ocorrido ao final da eleição.

De qualquer sorte, o que resta é incentivar o debate político como hábito constante e não bienal. Cabe-nos acompanhar, criticar e respaldar os prenunciados dos governos, avaliando as diferenças entre os impactos dos planos e os avanços desenhados às minorias. O país está no limite de um disparate incandescente, destroçado por uma via perigosa de rechaçamento do ser humano, mas, sendo otimista, quiçá este seja o passo à politização, uma vez que onde não há provocação, não há debate.

Psicóloga e professora universitária

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