REVISTA ISTO É N° Edição: 2368
| 17.Abr.15 - 20:00
Carlos José Marques, diretor editorial
Há uma espécie de reducionismo ideológico tomando conta do Partido dos Trabalhadores. Só esse fenômeno seria capaz de explicar a quantidade de mensagens velhas e equivocadas que ele tenta incutir na cabeça dos brasileiros, eleitores ou não, através da propaganda que passou a veicular incessantemente em veículos de rádio e televisão. Três falsos pilares sustentam a ladainha de desculpas: a de que o Partido é vítima da intolerância dos opositores; a de que os protestos de rua são feitos por quem é contra os avanços dos pobres; e, finalmente, a de que as investigações de corrupção ocorrem porque o governo assim determinou. Mesmo pilhado sistematicamente em desvios, com vários de seus preciosos quadros levados à cadeia – de José Dirceu a Genoíno, de Delúbio a André Vargas, e agora o tesoureiro Vaccari –, o PT dá sinais de viver em modo de negação. Está cada vez mais claro, escancarado aos olhos de boa parte do País, que o “mensalão”, o “petrolão” e sabe-se lá quantas outras tramoias mais foram produzidas para sustentar um projeto de poder que a agremiação organizou, de forma sistêmica, nos últimos 12 anos. A Justiça, a polícia, o Ministério Público e os órgãos competentes estão abarrotados de provas, testemunhos e evidências nesse sentido. E o número de processos não para de aumentar. Lula disse há alguns dias, por ocasião de um congresso de metalúrgicos da CUT em São Paulo, que “há dez anos há uma política premeditada de criminalizar o PT”. Buscou negar os fatos na vã ilusão de escapar deles. Fez mais. Partiu ao devaneio: “Até agora, todos que roubaram têm diploma”. Parece existir algo de recalque na fala do ex-presidente. E tal qual ele, os líderes do PT vão ao ataque, desdenhando das manifestações e de seus participantes. Não percebem que, nessa toada, vão aumentando o desgaste da própria sigla. Tamanho escapismo de visão desses senhores só não é maior que a intenção premeditada de distorcer a realidade. No tocante ao combate à corrupção, por exemplo. “Nunca eles vão reconhecer que o PT criou os instrumentos de investigações nesse País”, disse Lula em seu delírio de autopromoção durante o mesmo Congresso da CUT. Não há, é evidente, qualquer elo de responsabilidade ou mérito do overno – e, por conseguinte, do Partido que lhe dá sustentação – nas investigações em curso ou nas passadas. Reza a Constituição que a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário possuem autonomia funcional e administrativa, agindo como organismos absolutamente independentes da vontade e ordens do Executivo. Não são, portanto, instrumentos do governo, sujeitos a seus interesses. Daí decorre, naturalmente, o avanço de operações bem-sucedidas que levaram à prisão do tesoureiro Vaccari. O PT acusou o golpe e reagiu com as alegações de sempre: “prisão política”, “injustificada”, “desnecessária”. Não sabe o que diz e segue alienado diante da extensa lista de acusações que pesam sobre seus filiados. O constrangimento, para dizer o mínimo, de ter o homem do cofre petista atrás das grades atinge em cheio governo e Partido.
| 17.Abr.15 - 20:00
Carlos José Marques, diretor editorial
Há uma espécie de reducionismo ideológico tomando conta do Partido dos Trabalhadores. Só esse fenômeno seria capaz de explicar a quantidade de mensagens velhas e equivocadas que ele tenta incutir na cabeça dos brasileiros, eleitores ou não, através da propaganda que passou a veicular incessantemente em veículos de rádio e televisão. Três falsos pilares sustentam a ladainha de desculpas: a de que o Partido é vítima da intolerância dos opositores; a de que os protestos de rua são feitos por quem é contra os avanços dos pobres; e, finalmente, a de que as investigações de corrupção ocorrem porque o governo assim determinou. Mesmo pilhado sistematicamente em desvios, com vários de seus preciosos quadros levados à cadeia – de José Dirceu a Genoíno, de Delúbio a André Vargas, e agora o tesoureiro Vaccari –, o PT dá sinais de viver em modo de negação. Está cada vez mais claro, escancarado aos olhos de boa parte do País, que o “mensalão”, o “petrolão” e sabe-se lá quantas outras tramoias mais foram produzidas para sustentar um projeto de poder que a agremiação organizou, de forma sistêmica, nos últimos 12 anos. A Justiça, a polícia, o Ministério Público e os órgãos competentes estão abarrotados de provas, testemunhos e evidências nesse sentido. E o número de processos não para de aumentar. Lula disse há alguns dias, por ocasião de um congresso de metalúrgicos da CUT em São Paulo, que “há dez anos há uma política premeditada de criminalizar o PT”. Buscou negar os fatos na vã ilusão de escapar deles. Fez mais. Partiu ao devaneio: “Até agora, todos que roubaram têm diploma”. Parece existir algo de recalque na fala do ex-presidente. E tal qual ele, os líderes do PT vão ao ataque, desdenhando das manifestações e de seus participantes. Não percebem que, nessa toada, vão aumentando o desgaste da própria sigla. Tamanho escapismo de visão desses senhores só não é maior que a intenção premeditada de distorcer a realidade. No tocante ao combate à corrupção, por exemplo. “Nunca eles vão reconhecer que o PT criou os instrumentos de investigações nesse País”, disse Lula em seu delírio de autopromoção durante o mesmo Congresso da CUT. Não há, é evidente, qualquer elo de responsabilidade ou mérito do overno – e, por conseguinte, do Partido que lhe dá sustentação – nas investigações em curso ou nas passadas. Reza a Constituição que a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário possuem autonomia funcional e administrativa, agindo como organismos absolutamente independentes da vontade e ordens do Executivo. Não são, portanto, instrumentos do governo, sujeitos a seus interesses. Daí decorre, naturalmente, o avanço de operações bem-sucedidas que levaram à prisão do tesoureiro Vaccari. O PT acusou o golpe e reagiu com as alegações de sempre: “prisão política”, “injustificada”, “desnecessária”. Não sabe o que diz e segue alienado diante da extensa lista de acusações que pesam sobre seus filiados. O constrangimento, para dizer o mínimo, de ter o homem do cofre petista atrás das grades atinge em cheio governo e Partido.
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