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quinta-feira, 16 de abril de 2015

PRISÃO DE TESOUREIRO ATINGE A DIREÇÃO DO PT



ZERO HORA 16 de abril de 2015 | N° 18134


CARLOS ROLLSING | Curitiba

ESCÂNDALO DA PETROBRAS. Prisão atinge a direção do PT

VACCARI PEDE AFASTAMENTO das finanças do partido depois de ser detido por suspeita de prática contínua de delitos. Ele é o primeiro do alto escalão da legenda a ser encarcerado na Lava-Jato



Na 12ª etapa da Operação Lava-Jato, desenca­deada ontem, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso em São Paulo. O episódio traz constrangimento aos petistas e atinge o núcleo do poder do partido: o tesoureiro é o primeiro do alto escalão do PT a ser encarcerado.

Além disso, amplia o desgaste do governo Dilma Rousseff porque, conforme as investigações, a atuação de Vaccari estaria ligada a arrecadação de recursos para campanhas eleitorais, como a de 2010. Após a prisão, o PT informou o afastamento do tesoureiro do cargo.

Foram decisivos para a detenção do dirigente partidário, apontado como operador do esquema criminoso na Petrobras em favor do PT, o uso de uma gráfica para o recebimento de R$ 1,5 milhão em propinas e o que as autoridades chamam de reiteração criminosa – prática contínua de delitos –, devido ao seu envolvimento com irregularidades desde 2004.

Como Vaccari teria atrelado familiares às operações, a sua mulher, Giselda Rousie de Lima, prestou depoimento em casa, e a cunhada, Marice Corrêa de Lima, teve expedido contra si mandado de prisão temporária por cinco dias, mas não foi localizada pela Polícia Federal na sua residência. A expectativa é de que se entregue nos próximos dias.

“Não se trata aqui de prisão contra a agremiação partidária a qual ele (Vaccari) pertence. A corrupção não tem cores partidárias”, disse o juiz Sergio Moro, no despacho que autorizou a prisão.

Depois de preso, Vaccari – chamado de Moch por outros suspeitos pelo fato de sempre portar uma mochila – foi levado à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde ficará detido por prazo indeterminado. Quando os agentes chegaram à casa do petista para efetuar a prisão, ele trajava roupas esportivas e se preparava para uma caminhada matinal.

PROCURADOR DESTACA HISTÓRICO DELITUOSO

Em 16 de março, o Ministério Público Federal já havia denunciado à Justiça Federal de Curitiba Vaccari e outros 26 suspeitos – entre eles Renato Duque, ex- diretor da Petrobras, apontado como operador do PT no esquema e muito próximo do tesoureiro petista – por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O procurador do Ministério Público Federal Carlos Fernando Lima e o delegado Igor Romário de Paula, membros da força-tarefa da Lava-Jato, relataram que Vaccari apresenta histórico delituoso desde 2004, quando teria se envolvido em desvios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que também abasteceria partidos. Por suspeita de participação nesse esquema, Vaccari virou réu em 2010 em ação penal na Justiça de São Paulo.

– Vaccari já é investigado há bastante tempo. Temos uma denúncia já feita por doações oficiais que, na verdade, escondem operações de lavagem de dinheiro, de corrupção da Petrobras. E verificamos que ele tem uma trajetória com esse tipo de operação desde 2004. A família dele possui diversas operações suspeitas que estão sendo investigadas, com valores relativamente significativos transitando entre os familiares – explicou Lima.



POLÍTICA + | Rosane de Oliveira

Tesoureiro preso É DESGASTE PARA DILMA


Mal a presidente Dilma Rousseff conseguiu respirar com a leve melhora dos indicadores econômicos e a perda de fôlego das manifestações de rua, e outra bomba caiu no seu quintal. A prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, acaba respingando no governo, porque a principal acusação que pesa contra ele é de ter recebido dinheiro da corrupção na Petrobras para financiar campanhas. Não há ligação direta com Dilma, mas é um ingrediente a mais a desgastar um governo fragilizado pelos escândalos.

A oposição, que na terça-feira havia começado a falar em impeachment, se empolgou. Aécio Neves, que em momentos de agudização da crise política dá entrevistas diárias, se reuniu com os presidentes do PPS, do DEM, do Solidariedade e do PV para avaliar o impacto da prisão de Vaccari e repetiu a frase da véspera:

– Impeachment não é uma palavra proibida.

O senador tucano e os presidentes dos outros quatro partidos de oposição unificaram o discurso antes de receber os líderes de 25 grupos responsáveis pela convocação de protestos de rua anti-Dilma, unidos em um movimento que ganhou o nome de Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos. Na carta entregue aos caciques da oposição, o grupo pede que apreciem “com transparência os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff”.

O PT vinha resistindo em afastar Vaccari da Secretaria de Finanças, mas não teve escolha e fez o que o grupo Mensagem, do ex-governador Tarso Genro, vinha pregando há vários dias. Afastou Vaccari, mas com uma ressalva: o fez por questões práticas. De fato, a atividade de tesoureiro não tem como ser exercida de dentro da cela.

A polícia encontrou indícios de que a família de Vaccari recebeu dinheiro do esquema da Petrobras. Vaccari não foi preso apenas por ser o tesoureiro: o juiz empacotou outras acusações contra ele e decretou a prisão pelo conjunto da obra, uma prática, no mínimo, incomum.


aliás

É natural que a direção nacional do PT assuma a defesa incondicional do tesoureiro preso: assim como Delúbio Soares, Vaccari Neto era um cumpridor de tarefas. Seguiu a política de captação de recursos ditada pelo comando do partido.



SÉRIE DE INDÍCIOS
-Em delação, Augusto Mendonça, executivo da Setal Óleo e Gás, disse que, por determinação de Vaccari, pagou R$ 1,5 milhão para a Editora Gráfica Atitude, de São Paulo, que seria ligada à CUT. Os pagamentos seriam decorrentes de propina por contratos na Petrobras e a gráfica não teria prestado serviço. A transação foi confirmada pela Receita.
-Cinco delatores do esquema na Petrobras citam Vaccari como um dos operadores do PT. Ele seria o responsável por representar o partido, travestindo valores de propina em doações legais à legenda. O delator Pedro Barusco estimou que Vaccari recebeu de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões.
-O doleiro Alberto Youssef teria repassado recursos a Marice Corrêa de Lima, cunhada de Vaccari. Seria o pagamento de propina pela empresa Toshiba, que ganhou um contrato nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
-Vaccari teria usado a família para movimentações financeiras. A cunhada, Marice de Lima, recebeu valores da OAS após negociações de um apartamento. A mulher, Giselda Rousie de Lima, foi benefi­ciária de mais de R$ 300 mil em depósitos não identificados em cerca de três anos.

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