ZERO HORA 04 de abril de 2015 | N° 18122
EDITORIAIS
A decisão do governo federal de restringir o uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) por ministros de Estado pode ter apenas significado simbólico, mas corrige uma deformação ofensiva à sociedade. Em países desenvolvidos, com situação econômica muito melhor do que a brasileira, governantes e ministros costumam viajar em aviões de carreira e, em alguns casos, deslocam-se por meio de transporte público. O Brasil precisa não apenas eliminar símbolos de desperdício, mas também instituir uma cultura de racionalidade e objetividade nos gastos públicos.
Perto do corte orçamentário estimado em até R$ 80 bilhões, de fato, uma decisão como essa, prevista para a próxima semana, significa quase nada. A questão é que o uso de uma aeronave da FAB, na maioria das vezes, por um único ministro de Estado, poderia ser feita com uma despesa média de R$ 268 em voo comercial, evitando gastos superiores em até 44 vezes para os cofres públicos. O agravante é que, em muitos casos, integrantes do primeiro escalão requisitam aeronaves para cumprir uma agenda maquiada, na qual uma simples visita aos familiares é misturada com compromissos supostamente oficiais.
De nada bastam as restrições, porém, se não houver vigilância permanente para que sejam observadas à risca. Um decreto anterior, de 2002, já restringia o uso de aviões da FAB a casos muito específicos, mas não foi suficiente. E uma medida desse tipo não poderia se restringir apenas ao Executivo, como ocorre hoje.
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