Convergência é a palavra de ordem, a nova arma da comunicação, seja direta, pessoa a pessoa, seja a mediação que praticamos em rádio, jornal e televisão. Os múltiplos meios disponíveis abrem caminhos vários, mas apontam para o mesmo alvo. Os caminhantes sabem a que destino querem chegar. Pena que seja diferente com a política partidária. Juntam-se as divergências, sem disfarces, sem coerência, por meros interesses subalternos.
Se conseguissem construir reencontros, se criassem parcerias com identidade, então poderíamos entender melhor a cena eleitoral. Haveria a legitimidade agora tão distante. Não consigo aceitar que os partidos mudem de cara a cada 10 quilômetros. Examine os ajuntamentos que as convenções vão confirmando em Porto Alegre e em uma dezena de outras cidades vizinhas.
Tem mamão com açúcar aqui, leite com manga ali, de novo o mamão, agora com o leite, acolá. Quem se guiar pelas bandeiras nos palanques, cuidado! Vai acabar em comício errado.
Governabilidade é a pedra de toque. Buscando-a é que tentam justificar a geleia geral.
Quem hoje é salafrário amanhã será carregado nos ombros por seus opositores.
Assim é que funciona. Resultado do pluripartidarismo inchado que temos.
Quem sabe de cor todas as siglas? Quem adivinha o que pensa um seu partidário aqui e outro lá na Bahia? Como conseguem se entender nos diretórios?
São estranhas as uniões noticiadas no mundo político. Valem tudo e valem nada. Desenha-se de um jeito na eleição majoritária e de outro na proporcional, que, a rigor, nem deveria admitir coligações. Como pretender o fortalecimento dos partidos? Misturando-os sem respeito aos conteúdos de seus manifestos e programas?
Não pensem que se esteja pregando o bipartidarismo, mas um quadro mais restrito que o atual. Um partido se organiza ao sabor do que satisfaça seus caciques. Tem que ser de outro jeito. Quatro ou cinco partidos no máximo. Deve-se cobrar fidelidade partidária de seus integrantes e fidelidade ao programa da agremiação como um todo.
Um dia, do jeito que vai, tantos coligarão, que, somados, conseguirão a proeza do partido único. No fundo, é o que querem. Casados com o inimigo, mas garantidos no apego aos lugares aquecidos pelo poder a qualquer título e a qualquer preço. Há casos de coligados que reproduzem a relação espúria do torturador com o torturado, do sequestrador com o sequestrado. A materialização da síndrome de Estocolmo.
Nossos partidos padecem disso, são vítimas que se identificam com seus algozes.
Um verdadeiro estresse institucional. Pena, vai demorar a reversão, a cura.
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