N° Edição: 2224, 24.Jun.12 - 09:52
Carlos José Marques, diretor editorial
“Lula passou dos limites”, disse a deputada Luiza Erundina, indignada logo após retirar seu nome da chapa que disputará a Prefeitura de São Paulo por conta da foto sorridente do ex-presidente com o seu antes arqui-inimigo, Paulo Maluf. Fato de conhecimento geral é que os políticos como um todo, há muito tempo, estão passando dos limites, perdendo a vergonha de praticar alianças espúrias, numa miscelânea de composições inimagináveis para angariar alguns minutos a mais no horário eleitoral da tevê e iludir os incautos.
“Lula passou dos limites”, disse a deputada Luiza Erundina, indignada logo após retirar seu nome da chapa que disputará a Prefeitura de São Paulo por conta da foto sorridente do ex-presidente com o seu antes arqui-inimigo, Paulo Maluf. Fato de conhecimento geral é que os políticos como um todo, há muito tempo, estão passando dos limites, perdendo a vergonha de praticar alianças espúrias, numa miscelânea de composições inimagináveis para angariar alguns minutos a mais no horário eleitoral da tevê e iludir os incautos.
Foram às favas com a identidade ideológica, com a sinergia programática, com a decência do apoio incondicional. Coerência virou moeda rara. Restou o vale-tudo. Prevaleceu o toma lá dá cá, o fisiologismo escrachado, o despudor da barganha rasteira, vil, levando à combinação de aliados tão contraditórios entre si que fica difícil acreditar no que eles pregam.
A nova postura não é exclusividade de uma sigla só. Nem de um único candidato ou padrinho. Longe disso! A prática está disseminada. Inexistem vestais nesse jogo. Aos quatro cantos desse Brasil grande espalham-se exemplos do mesmo naipe, como o que une o ex-presidenciável José Serra (do PSDB) ao réu mensaleiro Waldemar da Costa Neto e ao ex-ministro demitido por fraude, Alfredo Nascimento (PR) – amancebado também com o cassado Roberto Jefferson (PTB) –, para ficar no caso que contrapõe partidos majoritários na mesma corrida eleitoral paulistana.
Essa simbiose repulsiva dos opostos se dá por uma razão elementar: a falência de um sistema político ultrapassado que está a exigir, urgentemente, reformas. Não é possível mais empenhar a governabilidade, qualquer que seja a instância de poder, em troca da aprovação de projetos ou mesmo para as aparições extras na corrida eleitoral.
O voto distrital seria uma dentre muitas alternativas que qualificariam a representatividade e modificariam a legislação permissiva que aniquila crenças de candidatos e coloca em segundo plano os interesses do eleitor. O fim das legendas de aluguel, disponíveis ao balcão de negócios políticos, também é um desejo de toda a sociedade, que sonha um dia contar com o respeito ao seu voto, sem oportunismos nem o cinismo de aventureiros que maculam o saudável exercício da democracia.
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