EDITORIAL ZERO HORA 02/06/2012
Observadores
espirituosos já vinham chamando a CPI do Cachoeira de Circo Parlamentar
de Inquérito, mas os parlamentares que integram a comissão
investigativa não precisavam assumir o papel pejorativo que lhes é
atribuído, como fizeram na última quinta-feira os deputados e senadores
que transformaram o não depoimento do senador Demóstenes Torres num
bate-boca do mais baixo nível.
Foi âncora do indecoroso espetáculo o
deputado Sílvio Costa (PTB-PE), que aproveitou o seu momento de
visibilidade para ofender o acusado com uma série de xingamentos, ao
mesmo tempo em que constrangia seus pares pela inconveniência do gesto.
Ao ser interrompido pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), que lhe pediu
para tratar o colega com dignidade, o parlamentar pernambucano ficou
ainda mais alterado, incluindo palavrões no seu já destemperado
vocabulário.
A sessão foi encerrada sob um bate-boca generalizado, do
qual pareceu salvar-se exatamente o depoente, por ter avocado para si o
direito constitucional de permanecer calado. Pena
que os demais não seguiram o seu exemplo.
Criticar o Legislativo é sempre fácil, por ser o poder mais exposto e mais vulnerável a observações. Mas a verdade é que alguns parlamentares parecem fazer um esforço para deslustrar a imagem do Legislativo. É impossível que os eleitores do deputado Sílvio Costa não tenham sentido vergonha do seu representante ao vê-lo agredir colegas, desrespeitar as regras da Casa e agir de forma prepotente exatamente no momento em que a nação espera um posicionamento justo dos integrantes da CPI em relação a um parlamentar acusado de falta de decoro.
O mínimo que se espera, depois do deplorável espetáculo de impropérios, é que os órgãos corregedores do Congresso e as comissões de ética das duas casas chamem os infratores à responsabilidade.
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