VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

domingo, 24 de junho de 2012

POR UM PUNHADO DE SEGUNDOS

EDITORIAL ZERO HORA, 24/06/2012

Alianças esdrúxulas entre antigos adversários com vistas à obtenção de segundos a mais no horário eleitoral obrigatório de TV e rádio têm marcado a largada da campanha para as prefeituras. O episódio mais notório foi o da aliança entre o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e o PP de Paulo Maluf, em São Paulo, mas há outros exemplos igualmente constrangedores. No outro lado da trincheira, na mesma São Paulo, o PSDB de José Serra se une ao PR de Valdemar Costa Neto, envolvido no mensalão; em Porto Alegre, o PDT de José Fortunati dá as mãos ao DEM de Onyx Lorenzoni; em Florianópolis, o PC do B de Angela Albino discute coligação com o PSDB. Não há inocentes nesse vale-tudo pela obtenção de uma fatia maior no cada vez mais desacreditado palanque compulsório dos meios eletrônicos.

A tendência a juntar alhos com bugalhos, ao arrepio de identidades programáticas e afinidades de ontem e anteontem, é uma característica inconfundível da política brasileira pós-1985. Uma tradição de patrimonialismo e clientelismo combinada com longos perío-dos de autoritarismo resultaram em uma vida político-partidária no mais das vezes vazia e sem marcas da coerência. Isso é potencializado pela legislação em vigor, que contém um anabolizante poderoso e ao mesmo tempo nocivo à saúde partidária: o fatiamento de espaços na TV e no rádio, num programa cada vez menos capaz de atrair a atenção dos telespectadores para as grandes questões da vida nacional, aliás ausentes da maior parte da programação dos partidos. Compulsório, com regramento cada vez mais frouxo e sem conexão com a realidade da maioria dos brasileiros, o horário gratuito na TV e no rádio se transformou no sucedâneo de um programa humorístico de baixa qualidade, ao qual não faltam bordões, claques e performances de gosto duvidoso.

Não há receitas prontas para corrigir os rumos equivocados do sistema partidário brasileiro. Um caminho pode ser partir de uma pergunta singela: para que serve um partido político? Parece óbvio que essas agremiações destinam-se a representar, nas distintas instâncias da esfera pública, correntes de opinião existentes na sociedade. A ideia de que um partido possa representar interesses particulares ou particularistas é uma contradição em termos, a negação da política e do ideal republicano, cuja denominação é uma referência à expressão latina res publica (coisa pública). O que se espera das siglas registradas junto à Justiça Eleitoral é que escolham entre assumir uma identidade política e programática e agir em consonância com a mesma ou renunciar à autonomia para não enganar o eleitorado. Essa deve ser uma exigência da sempre adiada reforma política e partidária, que se torna cada vez mais urgente no Brasil.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Considero as regras do tempo obrigatório da tv e do rádio atualmente aplicadas um critério totalitário e parcial. Como pode chamar de democracia um regime que permite uma concorrência desleal entre os candidatos? Cada eleição é um recomeço e não uma continuidade onde quem está no poder tem vantagens sobre quem não está. A melhor forma seria colocar o mesmo tempo de tv e rádio para cada coligação e não para cada partido. Assim, todos iriam para as urnas em iguais condições e não sobraria tempo para pragmatismo por conta de um punhado de segundos.

No Brasil, os governantes não conseguem seguir os princípios fundamentais da democracia e nem aplicá-los. 

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