EDITORIAL CORREIO DO POVO, 21/06/2012
A questão do saneamento ainda sofre de invisibilidade e recebe menos atenção do que o desmatamento e a obtenção de energia. Contudo, seu impacto ambiental na vida dos brasileiros é enorme, notadamente porque, quando expandido devidamente e atendendo com eficiência os lares brasileiros, contribui decisivamente para melhorar os números da saúde pública, evitando doenças e contágios e permitindo à população a obtenção de mais qualidade de vida. Isso é mais visível principalmente no que diz respeito às crianças, que ficam mais protegidas contra enfermidades e podem crescer de forma mais saudável, atingindo um crescimento físico e mental adequado à sua faixa etária.
Para Oscar Netto, professor de engenharia civil e ambiental da Universidade de Brasília, as pessoas todos os dias se deparam com problemas decorrentes da falta de saneamento urbano. Ele citou a última enchente do rio Negro, no Amazonas, cujas águas transportavam lixos e resíduos não recolhidos em áreas distantes. Aliás, ele aduz que a região Norte tem o pior índice de coleta de esgoto, de 6,2%, enquanto a média nacional é de 44,5% de recolhimento nas residências.
Para o especialista, é urgente que o saneamento ocupe de vez um lugar de destaque nas políticas públicas. Isso não será um procedimento fácil, como se conclui a partir do fato de que o próprio PAC do Saneamento estacionou e não está ajudando a incrementar os números do setor.
O investimento em saneamento, embora seja algo que não costuma render dividendos eleitorais, por se relacionar com obras de infraestrutura pouco visíveis, é fundamental para melhorar os índices de desenvolvimento humano. O país está atrás de muitos dos seus vizinhos no ranking do IDH da ONU e, se não houver vontade política e recursos para mudar tal situação, ela tende, infelizmente, a se perpetuar.
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