Eles não querem ouvir Pagot
Membros da CPI do Cachoeira deflagram operação para impedir convocação do ex-diretor do DNIT, após denúncias à ISTOÉ
Claudio Dantas SequeiraTEMOR
Com exceção dos senadores Álvaro Dias (ao centro) e Pedro Taques (à dir.),
parlamentares tentam impedir ida de Pagot à CPI
Por trás da operação abafa está o temor de que venham à tona detalhes nada agradáveis dos esquemas de financiamento irregular de campanhas políticas de diferentes legendas, com o envolvimento de várias empreiteiras, além da construtora Delta, já investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público no âmbito das operações Vegas, Monte Carlo e Saint Michel. Diante das chances reduzidas de que Pagot seja chamado pela CPI, o senador Pedro Taques (PDT-MT) recorreu à Procuradoria da República do Distrito Federal, na qual protocolou uma representação para que o caso seja apurado e o ex-diretor do DNIT seja ouvido pelos procuradores. Segundo Taques, as investigações realizadas pela PF e os trabalhos da CPMI no Congresso revelaram “uma profunda conexão” entre as obras tocadas pelo DNIT, a construtora Delta e o grupo de Carlinhos Cachoeira. “À ISTOÉ, Pagot afirmou que tanto o PSDB quanto o PT utilizaram-se do governo e do DNIT para fins eleitorais”, afirma Taques, no documento.
"Sou alvo de pressões insuportáveis de Brasília"
Luiz Antônio Pagot
Desde a publicação das revelações do ex-diretor do DNIT, na última edição de ISTOÉ, Pagot está incomunicável em visitas técnicas pela região Norte do País. A amigos, relatou “pressões insuportáveis” oriundas de Brasília e ameaças contra a empresa de navegação para a qual está trabalhando como consultor. Durante a semana, tanto tucanos como petistas tentaram desqualificar as denúncias de Pagot. Para o ex-presidente Lula, as declarações de Pagot “não dizem nada”. O ex-governador José Serra (PSDB-SP), pré-candidato à Prefeitura paulista, também rechaçou as denúncias. “É um absurdo completo”, disse. O governador Geraldo Alckmin afirmou que o PSDB estuda medidas judiciais contra Pagot. No ninho tucano, a única voz dissonante foi a do líder do partido Álvaro Dias (PR). Para ele, o ex-diretor do DNIT é uma testemunha importante e deveria ser ouvida pela CPI. “As últimas declarações reforçam a necessidade de ele comparecer como testemunha”, ponderou.
Na expectativa da aprovação do requerimento de convocação de Pagot, a pressão na CPI vai subir ainda mais esta semana com os depoimentos dos governadores de Goiás, o tucano Marconi Perillo, e do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz. Eles correm o risco de ter seus sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados pela comissão. Na semana passada, o empresário Walter Paulo Santiago complicou a vida de Perillo ao apresentar uma quarta versão para a venda da mansão do ex-governador.
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