Agnelo (à esq.) e Perillo prestaram depoimento à CPI do Cachoeira.
Procurador-geral pede ao STJ abertura de investigações contra governadores. Tribunal decidirá se relação de Agnelo Queiroz (DF) e Marconi Perillo (GO) com grupo comandado por Cachoeira será investigada pelo órgão federal. Mariângela Gallucci e Fábio Fabrini, de O Estado de S.Paulo, 14/06/2012
Em relação ao governador do Distrito Federal, Gurgel também pretende investigar se ele participou de supostas irregularidades na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Agnelo foi diretor do órgão durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2007 e 2010, deixando o cargo para concorrer ao Palácio do Buriti.
No caso de Perillo, a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, levantou inúmeras suspeitas, entre elas sobre a venda da casa em que vivia o governador e na qual Cachoeira foi preso, em fevereiro deste ano. O esquema de Cachoeira em Goiás envolveria pagamentos e tráfico de influência no governo em troca de nomeações e facilidades em contratos.
Conforme revelou reportagem do Estado, o jornalista Luiz Carlos Bordoni, que trabalhou na campanha do tucano, diz ter recebido pelos serviços de uma empresa fantasma usada no esquema de Cachoeira.
Assessores. A Monte Carlo apontou envolvimento de secretários e alguns dos principais assessores de Agnelo com o grupo de Cachoeira. Ex-chefe de gabinete do petista, Claudio Monteiro pediu demissão após a revelação de que teria recebido propina para favorecer o grupo. Ex-subsecretário de Esportes, João Carlos Feitosa, o Zunga, também é suspeito de receber da quadrilha. Nos áudios, é citado como porta-voz de supostos recados do próprio governador, um deles para falar com o contraventor.
Grampos da Operação Monte Carlo indicam ainda que a Delta Construções teria contribuído com a campanha de Agnelo, embora não conste nenhuma doação da declaração oficial ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O Ministério Público Federal suspeita de que o governador também tenha recebido vantagens de grupos farmacêuticos por sua passagem na Anvisa.
Daniel Almeida Tavares, lobista do laboratório União Química, acusou o governador de receber propina, quando diretor da Anvisa, para liberar licenças para a empresa. O suborno de R$ 50 mil teria sido pago em 2008, dos quais R$ 5 mil teriam sido depositados diretamente na conta do petista. Agnelo admite o depósito, mas sustenta que a quantia foi a devolução de um empréstimo feito a Tavares.
Reportagens do Estado também mostraram que Agnelo seria beneficiário de pagamentos do laboratório Hipolabor, investigado em Minas por fraudes. O nome dele aparece em agenda apreendida da diretoria da empresa, com registros de supostos repasses no valor de R$ 50 mil.
Conversas telefônicas autorizadas pela Justiça na Operação Panaceia indicaram que a indústria recorria a Rafael Barbosa, secretário de Saúde do DF e ex-diretor adjunto do petista na Anvisa, para acelerar demandas.
Também há suspeitas em relação à compra de uma mansão pelo governador numa área nobre em Brasília. A PGR analisa dados de quebra de sigilos que indicam evolução patrimonial de parentes do governador.
Há semanas, Gurgel preparava os pedidos de abertura de inquérito. Em abril, ele solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que mantivesse na Corte só as investigações contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) e contra deputados por suspeita de envolvimento com Carlinhos Cachoeira. A intenção já era pedir a abertura de inquéritos para apurar as suspeitas contra os governadores. No Brasil, autoridades devem ser investigadas criminalmente em tribunais a partir da segunda instância. No caso de governadores, o responsável é o STJ.
Gurgel não se pronunciou nessa quarta-feira, 13, – o caso está sob sigilo. Ele estava internado em Brasília depois de passar por cirurgia ortopédica na terça-feira, 12, por causa de um acidente doméstico.
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