VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

DEPUTADOS, A ESCOLHA DE ÚLTIMA HORA





ZERO HORA 03 de outubro de 2014 | N° 17941

LETÍCIA COSTA


ELEIÇÕES 2014 JÁ DECIDIU O SEU


Descrença na classe política e grande quantidade de candidatos à Câmara e à Assembleia Legislativa levam eleitores a postergar a decisão do voto até o último momento e inflam o percentual de indecisos.

Sete em cada 10 eleitores do Estado e do país não têm ideia dos números de quatro e cinco dígitos que vão apertar na urna daqui a dois dias. Na Capital, a situação piora. A indecisão está na cabeça de oito em 10 porto-alegrenses, que, em uma pesquisa eleitoral feita em setembro, disseram não saber em quem votar para deputado estadual e federal. Em sua maioria jovens, os eleitores indecisos aliam a descrença na política à enxurrada de nomes que disputam segundos na telinha para cultivar a indefinição. O número de candidatos extrapola as centenas. Só no Rio Grande do Sul, foram registradas 722 candidaturas para deputado estadual e 328 para federal.

– A escolha de representantes na Câmara e na Assembleia é muito mais complicada. A divulgação é muito rápida, as pessoas citam o nome e o número e não têm nem tempo de transmitir uma mensagem mais adequada. Fica muito frustrante – comenta o jornalista Gaudêncio Torquato, consultor político e professor de Comunicação da Universidade de São Paulo (USP).

Decidir quem vai ocupar uma das 55 cadeiras da Assembleia Legislativa e uma das 31 vagas na Câmara dos Deputados pode ser também uma tarefa ingrata.

– No sistema proporcional, você acaba votando em um e elegendo outro que nem conhece – diz Torquato.

FAMOSOS SE TORNAM OS PUXADORES DE LEGENDA

Isso ocorre porque, ao contrário da eleição majoritária, nem sempre o mais votado ganha. Os deputados são eleitos por meio de uma sequência de cálculos, que levam em conta a soma de votos no partido ou na coligação. Na lista de prioridades do eleitor, a escolha de parlamentares perde força, avalia o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Gouveia.

– Nesta eleição, existem muitos cargos à disposição do eleitor. Ele não consegue acompanhar todos, não tem uma noção clara do que todos fazem. O principal é o majoritário e isso faz com que a escolha fique mais centrada para o Executivo – afirma Gouveia.

Pela percepção de que a relevância é menor do que a de um presidente, que vai chefiar e representar uma nação, e por depender de apoio das bancadas para aprovar projetos e emendas, os deputados ficam em segundo plano. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jairo Nicolau diz que muita gente nem sabe o que faz um deputado.

– O Legislativo vive uma fase de muito desprestígio, que se reflete no número de indecisos. Mesmo com tantos nomes, as pessoas têm cada vez mais dificuldade de escolher. A cada eleição só vemos uma redução da importância do Legislativo, um desinteresse da população e propagandas que só jogam a atividade parlamentar para baixo – avalia.

São justamente as propagandas que mais chamam atenção dos eleitores que, segundo especialistas, diminuem o nível de seriedade e a reputação da atividade desenvolvida por um parlamentar. Exemplo unânime é o candidato à reeleição Tiririca (PR-SP). Campeão de votos para deputado federal em 2010, o palhaço conquistou mais de 1,35 milhão de eleitores em São Paulo. Conhecidos como “puxadores de legenda”, os famosos saem em vantagem na corrida pelos votos dos indecisos.

– Os atores de TV, artistas, palhaços, cantores, jogadores de futebol são escolhidos porque o público já tem conhecimento deles. Eles conservam uma certa proximidade com o eleitor – aponta Torquato.




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