VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O PULSO AINDA PULSA



ZERO HORA 09 de outubro de 2014 | N° 17947



NAELE OCHOA PIAZZETA*


O Brasil vive uma convulsão social.


Ônibus incendiados em Santa Catarina, assassinatos nas favelas do Rio de Janeiro, desmoralização das Unidades de Polícia Pacificadora, cujos integrantes agem tais quais bandidos, assaltos diuturnos, vigência de leis próprias nos presídios, corrupção sem trégua e sem vergonha.

E o medo. Da bala perdida, da violência gratuita, da morte num dia de sol por míseros reais. Da doença desassistida, da falta de futuro pela precariedade do que é oferecido.

Um país não pode ter suas políticas voltadas unicamente aos menos favorecidos. Deve atender a todos os estratos da população. E foi isto que fez o indivíduo que tem teto, que tem terra, que tem emprego, que paga impostos, que não faz baderna, que bate ponto, que cumpre as regras sociais: ergueu a voz e o título de eleitor, firme no desejo por mudanças. E foi ouvido. Quando do primeiro turno das eleições, contrariando todas as pesquisas de intenção de votos, passou o recado de que está aprendendo o difícil exercício dos direitos.

Escolheu dizer não ao fisiologismo, ao paternalismo que cabresteia, ao sumidouro sem fim do dinheiro público desviado de obras essenciais para o bolso de políticos, empresários, empreiteiras.

Escolheu a manutenção do auxílio aos menos favorecidos com a perspectiva de que não o será para sempre. Escolheu educação, saúde e segurança públicas. Escolheu um país livre de grilhões.

É claro que alguns candidatos são um deboche, uma afronta. E foram eleitos ou estão na iminência de o ser. Mas democracia não é perfeição, e sim forma de governo em que um mandatário legitimamente eleito exerce o poder em nome de todos.

O mais admirável, levando em conta uma campanha eleitoral morna e desinteressante, foi que pela primeira vez não se ouviu o refrão de não votar em alguém com poucas chances de vitória. Que mais valia o ruim conhecido. Que é melhor quem rouba, mas faz!

Não vale a pena, e isso ensinou a História, sofrer as consequências de uma má escolha. Finalmente se pode dizer que existe esperança, que o pulso ainda pulsa.


Desembargadora do TJRS* - NAELE OCHOA PIAZZETA

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