VOTAÇÃO SECRETA
Deputado preso escapa de cassação. Há dois meses, Donadon está em uma cela na Papuda cumprindo pena de 13 anos por desvios
Condenado em definitivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 13 anos de prisão por peculato e formação de quadrilha, o deputado Natan Donadon (ex-PMDB-RO) se livrou da cassação ontem à noite na Câmara. Na votação, houve 233 favoráveis à perda de mandato, 131 contrários e 41 abstenções. Donadon está preso há dois meses na Penitenciária da Papuda.
A votação foi secreta e seriam necessários pelo menos 257 votos para decretar a perda de mandato.
O parlamentar foi apontado como membro de esquema que desviou R$ 8,4 milhões dos cofres públicos entre 1995 e 1998, quando ele era diretor da Assembleia de Rondônia.
Durante a sessão, os parlamentares reclamaram do constrangimento de votar o parecer que pede a perda de mandato do colega. Alguns deputados criticaram a decisão da Mesa, de colocar a cassação em votação e não declarar a perda de mandato. Após a votação, porém, deputados se disseram envergonhados com o resultado, uma afronta ao Supremo.
Presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) decidiu afastar Donadon e convocar o suplente, Amir Lando (PMDB-RO):
– Devido ao fato de o parlamentar cumprir pena de privação de liberdade, considero-o afastado do exercício de seu mandato.
Alves afirmou que não colocará em votação mais nenhum processo por perda de mandato enquanto o voto continuar secreto.
Donadon reclama de banho frio na cadeia
Natan Donadon se queixou ontem da vida na cadeia. A reclamação fez parte da defesa do ex- peemedebista de Rondônia.
Donadon discursou por mais de 25 minutos do tempo previsto e continuou falando diante dos pedidos dos colegas para que continuasse na tribuna. Ele disse não ser justo o STF “condenar um inocente”:
– Pelo amor de Deus, façam Justiça. Não sou ladrão, nunca roubei.
Donadon afirmou que tem sofrido muito e que a vida na penitenciária “é desumana”. De acordo com ele, ontem faltou água no presídio, e um preso ofereceu água fria para que tomasse banho.
– Na hora de vir para cá, fui tomar um banho e faltou água. Estava ensaboado e tive de recorrer a um preso, que tinha garrafinhas d’água. Lá, temos um balde cheio justamente para quando falta água. Acabei de tomar banho com água em poucas garrafinhas. Vim algemado para cá. Vim num camburão. Nunca tinha entrado em um camburão. Tenho fobia. Pedi para ir na frente, mas não deixaram – reclamou.
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