EDITORIAIS
Tudo causa perplexidade no episódio da CPI da Procempa, cujo requerimento foi protocolado com a assinatura de três vereadores da base de apoio ao prefeito José Fortunati. Em represália, o chefe do Executivo já anunciou a exoneração de servidores em cargos de confiança indicados pelos aliados rebeldes. É lamentável que uma proposta de investigação em âmbito parlamentar de denúncias tão preocupantes acabe revelando uma prática de toma lá, dá cá, na qual até empregos para apoiadores políticos funcionam como moeda de troca e que nada tem a ver com os interesses dos munícipes.
O que tanto o prefeito quanto vereadores que o apoiam ou atuam na oposição não deveriam ter permitido é que os desmandos numa empresa como a Procempa alcançassem um estágio como o atual. Além de inconcebíveis em qualquer órgão público, deformações como contratação irregular de cargos de confiança, dispensas indevidas de licitação e ausência de comprovação de serviços não se acumulam de um momento para outro. Se a situação chega a esse ponto, é porque a gestão foi parar em mãos erradas e, mesmo assim, não houve fiscalização.
Fatos como esse, além de exporem o quanto o setor público costuma ser visto por políticos como um mero instrumento para assegurar vantagens pessoais, evidenciam a promiscuidade das alianças de interesse. Acima de tudo, demonstram o quanto, nesse ambiente, cargos e favores na esfera pública são vistos muitas vezes como uma mera moeda de troca para a garantia de um tipo de apoio que só interessa aos políticos, não às comunidades.
Choca a população a tentativa de líderes partidários e governantes de atribuir sempre aos adversários a responsabilidade pelos escândalos.
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