VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O DNA DO MONSTRO


ZERO HORA 14 de agosto de 2013 | N° 17522


GILBERTO SCHWARTSMANN*


Na obra clássica de Mary Shelley, quando Victor Frankenstein rejeita o monstro que ele mesmo cria, este escapa e jura vingança. Metaforicamente, os políticos que repudiamos, por mais corruptos ou incompetentes, não deixam de ser cria nossa ou de nossos compatriotas.

Ainda que imperfeita, a democracia representativa é uma das formas encontradas pelas sociedades civilizadas para garantir que prevaleça o desejo da maioria. Cumpre-se o seu propósito quando o voto do eleitor é consciente e o eleito é fiel aos compromissos de campanha.

Para Rousseau, a preservação da liberdade do indivíduo, sua segurança e o bem-estar coletivo dependem do respeito a um conjunto de pactos que o filósofo denomina “contrato social”. Nele, deve prevalecer o interesse da sociedade.

Os recentes protestos são indício de que o “contrato social” brasileiro deva ser repensado. Nossa democracia representativa vai muito mal. Para a maioria, o bem comum é simples utopia. Muitos políticos perderam a legitimidade de seus mandatos. E os brasileiros não veem o governo com bons olhos.

Os estudantes saíram às ruas e acordaram o gigante. Gente simples e a elite perderam a timidez. Mas foram eventos cívicos. Ninguém falou em acabar com o Brasil. Nem se Trotsky é melhor que Pinochet. Zero de ideologia.

O que se viu foi um clamor pelas coisas que fazem o indivíduo viver melhor. Transporte, saúde, educação, segurança e, obviamente, o combate à corrupção. Houve um pouco de bobagem e violência, sim. Isto faz parte. Seria ingênuo esperar o contrário. Há sempre um oportunista de plantão.

Mas verdade seja dita. Parece que alguma coisa no país mudou. O mau político, que se achava na zona de conforto, sente-se agora ameaçado. E isto é bom. Porque política é um patrimônio muito valioso para ser tratado como um bem menor.

Os políticos que fiquem atentos. Não pensem que o movimento acabou. E que um pouco da velha retórica será suficiente para acalmar as pessoas. Não subestimem a população. Se não houver mudanças, os protestos voltarão. As redes sociais podem levar multidões novamente às ruas num piscar de olhos.

Nossa democracia é um processo em construção. Condenar os maus políticos é apenas parte da história. Não há que se fazer terra arrasada. Política séria é fundamental para o país. Não fossem os bons políticos, nossa saída do arbítrio teria sido mais sangrenta.

Votemos melhor da próxima vez. Nós, eleitores, temos nossa parcela de culpa. Como Victor Frankenstein, nós criamos os nossos monstros. Sejamos mais humildes. Leiam a obra Do Contrato Social. Um pouco de Rousseau pode ser inspirador. O livro tem poucas páginas.*MÉDICO E PROFESSOR

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