KAMILA ALMEIDA
EM BUSCA DE VAGAS. Jovens formam o maior grupo de desempregados
Na Região Metropolitana, 41,3% das pessoas que procuram emprego têm entre 16 e 24 anos
Lanna Tesori Mendes, 18 anos, reúne as características de quem procura emprego na Região Metropolitana. Ela é mulher e tem entre 16 e 24 anos – sexo que representa 57,4% dos desocupados e faixa etária que reúne 41,3% dos 125 mil desempregados registrados em junho.
A história da jovem que cursa o Educação de Jovens e Adultos (EJA) e deixou os estudos no 1º ano do Ensino Médio porque precisava trabalhar é semelhante a de muitos outros que buscam oportunidades.
A taxa de desemprego vem se mantendo praticamente estável na região metropolitana de Porto Alegre – passou de 6,5% em maio para 6,6% em junho, conforme a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada ontem. Para especialistas, essa situação proporcionaria maior estabilidade às famílias, permitindo que os jovens fiquem mais tempo em casa estudando, mas essa não é a realidade preponderante.
– O jovem tem dificuldades em encontrar a porta de entrada no mercado de trabalho. Também não se sente estimulado a seguir estudando – afirma Ana Paula Queiroz Sperotto, supervisora do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/RS), responsável pela PED juntamente com as fundações Gaúcha do Trabalho e Ação Social e de Economia e Estatística.
Foi assim com Lanna. A mãe, que é dona de um salão de beleza, se esforçou para que a menina terminasse a escola e depois pensasse em ganhar dinheiro. Só que Lanna ansiava por independência. Começou a trabalhar com 17 anos e foi demitida em fevereiro. Ontem, esteve no Sistema Nacional do Emprego (Sine) e saiu de lá com uma entrevista marcada em uma loja de shopping na Capital.
– Eu me esforço, mas é bem complicado dar conta dos estudos – diz.
A jovem foi ao Sine acompanhada de uma amiga de 17 anos em situação semelhante: foi demitida e agora busca nova colocação.
Com relação à escolaridade, há maior concentração de pessoas com mais tempo de estudo buscando emprego – 42% dos desempregados têm Ensino Médio completo.
– Ao longo dos anos, as pessoas estão ingressando mais na escola e melhoram seus níveis de formação. É por isso que há mais desempregado nesse segmento. Se existe mais gente com nível de escolaridade maior, consequentemente isso se reflete no índice – explica Ana Paula.
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