VOTO ZERO significa não votar em fichas-sujas; omissos; corruptos; corruptores; farristas com dinheiro público; demagogos; dissimulados; ímprobos; gazeteiros; submissos às lideranças; vendedores de votos; corporativistas; nepotistas; benevolentes com as ilicitudes; condescendentes com a bandidagem; promotores da insegurança jurídica e coniventes com o descalabro da justiça criminal, que desvalorizam os policiais, aceitam a morosidade da justiça, criam leis permissivas; enfraquecem as leis e a justiça, traem seus eleitores; não representam o povo e se lixam para a população.

sábado, 31 de agosto de 2013

E AGORA, CIDADÃO...


NELSON PAFIADACHE DA ROCHA



Que luta, que labuta, que corre para cima e para baixo, com pouco descanso, raro lazer e muita demanda, pessoal, familiar e tributária. 

Nada de novo, tudo conhecido, apenas um governo vil e maldito que faz de conta nada ver, a não ser o amém de bajuladores, de oportunistas, e de amigos efêmeros que trocam de lado por qualquer paga. Tudo muito conhecido por muitos, mas não por todos, porque tem massa para enganar, tem muito saber de poucos, informações voláteis à solta e ignorância farta. Tem mais, muito mais que pelegos, fanfarrões e oportunistas, pois pululam corruptos e ladrões, com requintes de chantagistas de carreira nos dois sentidos, no do ofício e no do pó, inclusive em parceria com políticos acima de qualquer suspeita. Ora falar em político sem ao menos suspeitar, obra apenas dos incautos, ufanistas ou castos em excesso. Onde andam esses, pois Igreja se vê vazia, apenas cultos e pastores a mal interpretar bíblias, acumular fortunas e deleite com as ovelhas cabeludas de saia comprida, crentes na salvação, quem sabe pelo gozo de algum mistério, cuja carne suplica para salvar a alma. Ao menos são comedidos, até o próximo pleito e formam bancada, tão larápia como as demais. 

Não é novidade, nem na minha casa nem na minha vida, que agoniza pagamento mensal com falsa promessa de moradia condizente, cuja fragilidade fará evaporar o sonho antes da quitação, mas nem para isso tem quem dê curso a uma justa ação em benefício do cordato votante, que troca o sentido de conquista por migalha. Aliás, como anda sempre no fio da navalha, o que vem é lucro e muito mais para os tradicionais consumidores do pila alheio, com acesso e conluio com o Poder, pois sabem que, para estar bem com ele, deve haver postura de simetria: o que é bom ele traça, pouco importa se falta saúde, meio ambiente respeitado e comida na mesa. Ora, se aperta a fome, se puxa da arma e apavora, pois a Justiça anda longe e, para o roubo, não tem represália, nem mesmo quando feito pelas autoridades. 

Trabalho e postura é ensinamento de antigamente, quando o aval era o fio do bigode e dívida era pecado. Cobrar juro abusivo era usura e havia censura; hoje, para os bancos, tudo está liberado, pois fortalece a corrente de apoio mútuo, e o banqueiro dá risada para lá de Bagdá, em Paris, ou em Cancún, de preferência em algum paraíso fiscal, para encontros informais com a casta do Poder, onde circula até filho milionário de metalúrgico analfabeto. E agora, cidadão, que dirás se pisaram na tua boa fé, altivez e esperança? 

Continua tua luta e a tua labuta, pois vem mais sacrifício para os mesmos de sempre, que suam a camiseta, pagam sempre o maior preço. Como troféu, te dizem “mãos ao alto”, com uma faca apontada, mesmo que carregues arroz, feijão e uma perna de linguiça. Para o roubo, nem o grande nem o miúdo têm preguiça.

 Aqueles te matam aos poucos e nem sentes, e estes, de um só golpe, de estocada ou de bala no teu peito varonil. Há muito vens marchando e o hino cantando. E agora, ausente, distante, indo para as plagas do senhor, deixando corpo coberto por uma folha de jornal, cuja manchete principal é um gol do time campeão. Se estivesses vivo, ouviria do transeunte a tradicional e corriqueira pergunta: quem era esse tio, mesmo que sobrinho algum tivesse e nem gostasse de assim ser tratado, mas tio já é sinônimo de Zé. Fato corriqueiro, pois nada mais abala, nem ao rico nem ao pobre, apenas se cumpre o ritual feito gado e se adota postura, costume e moda que a televisão dita. 

Quem pensa para agir pode até reagir, mas só age com liberdade se assim for permitido; e não pode inventar de recalcitrar, porque tem alguém escalado para de alguma forma o maltratar. Ocorre ameaça ou invasão, daquilo que herdou ou conquistou, mesmo a duras penas, porque a reinante ideologia age sem pena, intima o judiciário, a polícia e o faz refém, pois sabe quanta custa ser tratada como refém. E assim vive em conta das suas falcatruas e para se manter sem revés: beijam a mão de desembargador, juiz, promotor e defensor, que não lhe negam concessão. Tudo vira festa e engalanam-se solenidades, repletas de vossas excelências, cujas vestes denunciam a opulência, quem sabe concupiscência. 

Certo é que ditas autoridades perderam a consciência do social. Ora, incauto cidadão, pergunto-te o que te espera. Talvez em outra esfera, no reino do Senhor, vejas triunfar justiça e paz social. Embora o que queira seja para agora, resignado cidadão. Mas tira teu cavalo da chuva e não pensa que o sol nasceu para todos, pois isso é ingenuidade, conversa fiada ou lorota. Apenas te consola que o pior pode acontecer, nesta solapada terra mãe gentil, pois, se escapastes da ponta do fuzil, não fugirás desta ideologia vil, que abona safado, ladrão e corrupto. Faz mais: bole com pessoas descentes para favorecer seus descendentes, asseclas quadrilheiros, que outrora saquearam e sem dó mataram, em nome de uma causa que o povo em maioria repudiou. Voltaram, por conta do esquecimento, da índole e boa fé da nossa gente, que, descrente, ousou confiar em quem mente. Deu no que deu. Honra, moral, civismo, tudo já morreu! Apenas ouve-se do larápio: isso tudo é meu, até o fogo de Prometeu!



E agora, cidadão?

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