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O que mais causa perplexidade no caso da Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa) é a decisão da prefeitura de manter o comando da empresa nas mãos do PTB, que não conseguiu indicar gestores capazes de evitar irregularidades. Se as suspeitas, antes apenas sugeridas mas sempre negadas pelos acusados, se tornaram públicas em maio e, desde então, assumem dimensões impressionantes, por que a administração pública precisa continuar loteada em troca de apoio político?
No caso específico, a própria Procempa – que pela seriedade da maioria de seu quadro funcional teria potencial para se firmar como referência na sua área de atuação – acabou se transformando num triste símbolo da ocupação da máquina por políticos preocupados acima de tudo com seus interesses pessoais. Um de seus conselheiros e expoente do partido responsável pelo comando da empresa, em cuja residência foi encontrado um arsenal e elevada quantia em dinheiro vivo, é conhecido por ter sido o padrinho tanto do presidente recém afastado quanto de diretores, além de servidores em cargo de confiança e até estagiários.
É surpreendente e ao mesmo tempo inaceitável que um patrimônio dos porto-alegrenses, como a Procempa, continue à mercê de interesses político-partidários mesmo depois de tantas irregularidades terem vindo à tona. Entre elas, está o sumiço de documentos que poderiam comprovar as deformações, parte dos quais localizados agora na residência de um ex-dirigente.
Diante das evidências de descalabro apontadas pela atuação do Ministério Público, não basta apenas uma eventual punição para os responsáveis pelas fraudes. Se a Procempa tem efetivamente um papel a cumprir, é preciso que seja gerida por profissionais, não por políticos.
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