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sábado, 11 de outubro de 2014

DEPUTADO INDICIADO: CONSCIÊNCIA TRANQUILA E NÃO DEVO NADA



ZERO HORA 11 de outubro de 2014 | N° 17949

ENTREVISTA

“Estou com a consciência tranquila e não devo nada”

GILMAR SOSSELLA, Deputado estadual pelo PDT

Em Pontão, no norte do Estado, onde cumpria o ritual de agradecer os votos recebidos no Interior, o deputado estadual Gilmar Sossella (PDT) falou, por telefone, com ZH. Disse que seguia cumprimentando seus eleitores do alto de um carro, falando ao microfone, de cabeça erguida, pois “está com a consciência tranquila e não deve nada”. O pedetista passará ainda por outros municípios até terça-feira, quando retorna à Capital. Confira os principais trechos da entrevista.

O que o senhor tem a dizer sobre o indiciamento?

Estou com a consciência tranquila e não devo nada. Pode anotar: no fim do processo vão estar dizendo que não pressionei ninguém, tanto é que de 189 funções que o presidente nomeia, vendi apenas 19 convites. E outra: recebi pela imprensa a informação de que estou sendo indiciado. Estou respondendo em cima das informações que vocês estão me dando. Mas ninguém foi pressionado. Dos que compraram, somente dois foram ouvidos. Eu gostaria que a polícia tivesse ouvido todos. Que mal eu fiz de oferecer convites, como 50 candidatos ao Legislativo fizeram?

Com relação ao caderno que os estagiários recebiam para cadastrar eleitores, o que o senhor tem a dizer?

Foram dois que foram falar lá (na PF). Mas o que é o caderno? O caderno é um cadastro. Você vem visitar o meu gabinete e que mal teria perguntar se você me permite mandar nossos jornais? É um cadastro para mandar material de deputado estadual, para mandar meus informativos, como todos os deputados fazem. Tenho 60 mil cadastrados. Nunca pedimos título de eleitor ou seção. Isso não procede.

Sua mulher também está entre os indiciados. Qual era o papel dela em seu mandato?

Nenhum. Ela estava trabalhando agora na campanha, mas ela nem foi ouvida. Dos indiciados, quatro nem foram ouvidos, isso é uma injustiça. E a expressão formação de quadrilha foi um exagero usado pela Polícia Federal. Se fazer um jantar de arrecadação é formação de quadrilha, o que se vai dizer desse escândalo que está nos jornais de hoje?

Que medida o senhor pretende tomar diante do indiciamento?

Meu advogado está cuidando do assunto. Eu vou continuar meu trabalho normalmente. Estou tranquilo, tanto que estou agradecendo meus votos em cima de um carro. Tem 57.490 eleitores que confiam no meu trabalho. Asseguro que no final desse processo estarei dando entrevista provando que não teve nada de errado.


Deputado é indiciado por supostos crimes eleitorais

RECÉM REELEITO, GILMAR SOSSELLA (PDT) e mais sete pessoas teriam pressionado servidores a colaborar com a campanha do parlamentar

A Polícia Federal (PF) indiciou o deputado estadual Gilmar Sossella (PDT), presidente da Assembleia Legislativa gaúcha, e outras sete pessoas por formação de quadrilha, concussão (exigir vantagem indevida em razão da função) e por outros três crimes tipificados no Código Eleitoral, entre os quais, coação. Reportagem sobre o indiciamento foi divulgada pela Rádio Gaúcha.

Liderada pelo delegado Rafael França, a investigação foi aberta em agosto, com autorização do procurador regional eleitoral Marcelo Beckhausen, para apurar se houve pressão a funcionários com funções gratificadas para comprar convites no valor de R$ 2,5 mil para o jantar de arrecadação de fundos à campanha de Sossella. O deputado foi reeleito para o terceiro mandato consecutivo no parlamento gaúcho, com 57.490 votos.

Sossella estava em Pontão, no norte do Estado, ontem, quando soube do indiciamento por meio da imprensa. O deputado disse estar com a consciência tranquila e negou ter pressionado servidores a comprar convites para um jantar de arrecadação de recursos (veja a entrevista ao lado).

Além de Sossella, foram indiciados a mulher dele, Melânia Sossella, o superintendente-geral da Assembleia, Artur Souto, o superintendente-administrativo, Ricieri Dalla Valentina Júnior, o diretor do Departamento de Comissões, Ivan Ferreira Leite, a superintendente legislativa, Fernanda Paglioli, o chefe de gabinete da Presidência, major da Brigada Militar Jair Luiz Müller, e a secretária do gabinete do superintendente-geral Andreza Macedo Teixeira.

ESTAGIÁRIOS TERIAM DE CADASTRAR ELEITORES

O superintendente-geral Artur Souto, que chegou a ser afastado do cargo durante a investigação, por ordem do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), falou em nome dos demais indiciados, que são seus subordinados.

– O que nos causou surpresa também é que dos oito supostos indiciados, quatro sequer foram ouvidos – afirma Souto.

A PF não quis comentar as críticas à investigação alegando estar impedida de divulgar qualquer informação sobre o processo, que está sob segredo de Justiça. Informou ainda que considera o inquérito concluído e só voltará a atuar no caso se forem solicitadas diligências pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE). Pode haver também desdobramento na esfera da improbidade administrativa, o que implicaria a abertura de ação para cassação de mandato.

Além da suposta coação a servidores com funções gratificadas, o gabinete da presidência da Assembleia teria recrutado estagiários para atuar como cabos eleitorais para a reeleição de Sossella (PDT).

Servidores entrevistados pelos repórteres Álvaro Andrade e Kelly Matos, da Rádio Gaúcha, disseram que o processo de seleção dos estagiários da Assembleia mudou quando Sossella chegou à presidência. Até o início do ano, a seleção era feita pelo Departamento de Gestão de Pessoas, que deveria aplicar provas em candidatos a partir de inscrições feitas pelo site, conforme consta na resolução 1.225. No entanto, a escolha dos estagiários teria passado a ser feita pela Superintendência-geral, com base em critérios políticos.

Depois de contratado, segundo a reportagem, cada estagiário recebia o chamado “caderninho do compromisso”, no qual deveria anotar o nome completo de eleitores que ele havia convencido a votar em Sossella, juntamente com a data de nascimento e outros dados. Com essas informações, supostamente seria possível rastrear a sessão eleitoral e verificar se o voto se confirmou. Sossella disse ter um cadastro de eleitores com a finalidade de enviar informativos.
CONTRAPONTO
O QUE DIZ ARTUR SOUTO, SUPERINTENDENTE-GERAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Fomos surpreendidos por esse suposto indiciamento, porque não fomos sequer cientificados pela Polícia Federal. Quanto aos estagiários, não mudamos em nada o procedimento. Eles se cadastram no site da Assembleia e é encaminhada a documentação na coordenação dos estágios. A gente pede dados de cadastro para mandar correspondência sobre o mandato. Eu tenho 60 mil pessoas no meu cadastro. Estamos tranquilos e conscientes de que tudo que fizemos foi legal, correto e dentro da lei. Temos confiança na Justiça, lamentamos profundamente a forma como foi conduzido o processo pela PF, mas vamos, com toda a clareza e convicção, provar nossa inocência e buscar reparação desse estrago moral que está sendo feito em cima de pessoas honestas, que nunca tiveram uma mancha na vida pública.

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