ZERO HORA 03 de outubro de 2014 | N° 17941. ARTIGO
GABRIEL GALLI
No debate à Presidência da República realizado no domingo (28), o candidato Levy Fidelix (PRTB) se destacou negativamente por destilar um discurso carregado de ódio contra a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Entre outros absurdos, afirmou que faz parte de uma “maioria” que deve ir contra as “minorias” e que o aparelho excretor não tem função de reproduzir (reduzindo a homossexualidade a isso e a sexualidade humana a uma máquina de gerar novas pessoas).
O mais simbólico, entretanto, foi quando disse que os LGBTs devem receber atendimento por ter um distúrbio, mas que isso deveria ser feito “longe da gente”.
Como homossexual, é impossível não lembrar das vezes em que eu e meu companheiro já fomos hostilizados na rua por estar de mãos dadas ou por um discreto beijo. Em uma das vezes, uma mulher gritava, no meio da Rua dos Andradas, que era um absurdo dois homens estarem juntos, sem perceber como o absurdo era desrespeitar alguém em via pública.
De quando uma travesti levou pauladas na cabeça ouvindo que “merecia para aprender a ser homem” e o delegado responsável pela região disse que “não existe crime de homofobia” e que “muitos se aproveitam disso para aparecer”.
De quando fui doar sangue pela primeira vez e a atendente me fez assinar um papel em que declarava não ter tido relações sexuais com ninguém do mesmo sexo que o meu.
De quando fiquei chocado ao saber que estudantes de Medicina de uma universidade pública de Porto Alegre disseram que os médicos tinham obrigação de tratar gays erroneamente.
De quando um “amigo” da família disse que eu era assim por não ter apanhado o suficiente quando criança.
Ou de tantas outras formas de tornar pessoas invisíveis, de negar que a vida é mais complexa do que o seu próprio umbigo e que o que você acredita não significa de forma alguma que isso é verdade, mas apenas o que você acredita.
Quem está longe é você, Levy. Longe de entender que o ódio só produz mais ódio e que é por causa de pessoas como você que as mãos sujas de sangue dos agressores são lavadas sem culpa.
Jornalista e militante LGBT
GABRIEL GALLI
No debate à Presidência da República realizado no domingo (28), o candidato Levy Fidelix (PRTB) se destacou negativamente por destilar um discurso carregado de ódio contra a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Entre outros absurdos, afirmou que faz parte de uma “maioria” que deve ir contra as “minorias” e que o aparelho excretor não tem função de reproduzir (reduzindo a homossexualidade a isso e a sexualidade humana a uma máquina de gerar novas pessoas).
O mais simbólico, entretanto, foi quando disse que os LGBTs devem receber atendimento por ter um distúrbio, mas que isso deveria ser feito “longe da gente”.
Como homossexual, é impossível não lembrar das vezes em que eu e meu companheiro já fomos hostilizados na rua por estar de mãos dadas ou por um discreto beijo. Em uma das vezes, uma mulher gritava, no meio da Rua dos Andradas, que era um absurdo dois homens estarem juntos, sem perceber como o absurdo era desrespeitar alguém em via pública.
De quando uma travesti levou pauladas na cabeça ouvindo que “merecia para aprender a ser homem” e o delegado responsável pela região disse que “não existe crime de homofobia” e que “muitos se aproveitam disso para aparecer”.
De quando fui doar sangue pela primeira vez e a atendente me fez assinar um papel em que declarava não ter tido relações sexuais com ninguém do mesmo sexo que o meu.
De quando fiquei chocado ao saber que estudantes de Medicina de uma universidade pública de Porto Alegre disseram que os médicos tinham obrigação de tratar gays erroneamente.
De quando um “amigo” da família disse que eu era assim por não ter apanhado o suficiente quando criança.
Ou de tantas outras formas de tornar pessoas invisíveis, de negar que a vida é mais complexa do que o seu próprio umbigo e que o que você acredita não significa de forma alguma que isso é verdade, mas apenas o que você acredita.
Quem está longe é você, Levy. Longe de entender que o ódio só produz mais ódio e que é por causa de pessoas como você que as mãos sujas de sangue dos agressores são lavadas sem culpa.
Jornalista e militante LGBT
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