ZERO HORA 29 de março de 2015 | N° 18116
INFORME ESPECIAL | Tulio Milman
Pela primeira vez em muito tempo, o governo gaúcho está fazendo aquilo que tem que fazer: assumir seu real tamanho, para depois pensar em se fortalecer. Teremos problemas, eu sei. Já temos.
O que não dava mais é para viver na ilusão. Custa caro. E iria custar mais ainda no futuro. Melhor sofrer agora. Depois, seria pior.
José Ivo Sartori tem se revelado uma espécie de Fernando Miranda, de Romildo Bolzan Júnior. Só que no Piratini. Esses processos de adaptação são arriscados. O Inter de Miranda quase caiu. Para depois ganhar tudo. O Grêmio de Bolzan enfrenta seca de títulos. Mas só com uma gestão responsável voltará a ganhar.
O governo Sartori está recém começando. Há muito por vir. Não sou afeito a previsões, mas tenho uma ponta de esperança. Desconfio que Sartori olha para o futuro. Tomara que esse futuro não seja apenas o de quatro anos, mas o da próxima geração. José Ivo Sartori tem a chance de entrar para a História. Precisará deixar o projeto da reeleição em segundo plano. Todos os governadores que fizeram o primeiro mandato pensando demais no segundo foram varridos do Piratini. Se Sartori quebrar essa lógica, talvez quebre também o tabu. Governar pensando no Estado e não nas urnas. Sei que é difícil. Mas é só assim que vai funcionar.
Adoro a história do CEO que procurava um assistente para trabalhar com ele. Uma pilha de mais de cem currículos jazia sobre a sua mesa. Ele olhou pra secretária e deu a ordem: “Me alcança os 10 primeiros. A funcionária ponderou: “Mas pode ter gente muito boa mais embaixo”. Veio a explicação: “Pra trabalhar comigo, primeiro precisa ter sorte”.
Parece que José Ivo Sartori tem. Ela se chama boa safra, dólar alto, crise em Brasília e oposição enfraquecida. A boa safra e o dólar alto significam dinheiro, crise em Brasília desvia os holofotes, oposição enfraquecida dá fôlego.
Sartori tem outra vantagem sobre Dilma. Por enquanto, ele tem um copiloto confiável – José Paulo Cairoli. E isso, no meio da viagem, pode fazer toda a diferença.
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