ZERO HORA 17 de março de 2015 | N° 18104
POLÍTICA + | Rosane de Oliveira
Em meio à ressaca do dia seguinte às manifestações que tomaram as ruas das principais cidades brasileiras, o governo teve nesta segunda-feira uma prova de que nada é tão ruim que não possa piorar: na 10ª fase da Operação Lava-Jato, que completou um ano hoje, o Ministério Público Federal denunciou 27 pessoas, entre as quais João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, e Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, indicado pelo partido para o cargo. Duque voltou a ser preso pela Polícia Federal, por tentar transferir 20 milhões de euros de sua conta na Suíça para o Principado de Mônaco.
A presença de Vaccari na lista de denunciados é um constrangimento extra para o governo. Ele está para a Lava-Jato como Delúbio Soares esteve para o mensalão. Segundo a investigação, era o operador da propina cobrada na diretoria de Serviços na gestão de Duque e repassada para o diretório nacional do PT, sem destinação específica para esta ou aquela campanha. Vaccari é um militante, como Delúbio. Mesmo sob pressão, não tem o perfil de quem faz delação premiada. O PT vem dando apoio ao tesoureiro com o argumento de que ninguém pode ser condenado por antecipação.
A preocupação do PT deve ser com Duque: se ele seguir o caminho de Paulo Roberto Costa e fizer delação premiada para tentar uma redução de pena, a situação tende a se complicar para o partido e para o Palácio do Planalto. Privado da liberdade e asfixiado financeiramente pelo bloqueio de suas contas, Duque é uma bomba ambulante. E será ouvido nos próximos dias na CPI da Petrobras.
Ontem, a presidente Dilma Rousseff tentou aparentar tranquilidade diante das últimas notícias da Lava-Jato. Disse que a denúncia é a prova de que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão trabalhando com liberdade.
ALIÁS
Na primeira manifestação depois dos protestos de domingo, a presidente Dilma Rousseff surpreendeu pela descontração e pela forma como respondeu às perguntas dos jornalistas. Em meio à maré de más notícias, a presidente passou mais confiança do que no discurso do Dia da Mulher.
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