ZERO HORA 26 de março de 2015 | N° 18113
EDITORIAIS
O país espera pelo final do confronto explícito entre Congresso e governo, depois da sequência de fatos que tentam exaltar as posições inflexíveis de um e de outro. Ontem, esse duelo lamentável teve dois movimentos. No primeiro, o presidente do Senado, Renan Calheiros, ameaçou que o Congresso irá se rebelar contra eventual veto do Executivo ao projeto da Câmara que estabelece nova forma de correção das dívidas de Estados e municípios. Logo depois, num gesto surpreendente, o mesmo Calheiros anunciou o adiamento da votação da matéria pelo Senado.
Aguardam- se novas atitudes, para que a afronta declarada ao governo, que se opõe a qualquer medida de afrouxamento das dívidas, seja substituída pela negociação. Um novo sistema de indexação representaria um alívio para unidades federativas altamente endividadas, como o Estado do Rio Grande do Sul e a prefeitura de São Paulo. O que chama a atenção na decisão da Câmara, ainda dependente do Senado, é que essa ocorreu na mesma noite em que a presidente da República declarou que não há condições de renegociação dos débitos. O principal argumento é o de que qualquer vantagem para os endividados poderia significar perda de confiança no país e eventual reação das agências internacionais de classificação de risco.
Há um impasse que só pode ser superado com muito diálogo. União e governos estaduais e municipais têm argumentos fortes para suas demandas. O conflito de poderes apenas fortalece uma delicada situação política, que desgasta o governo pela ação de oposicionistas e de aliados. Superar esse momento é um desafio para lideranças comprometidas com o país, que devem se impor àqueles que desejam apenas mais conflito.
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