ZERO HORA 05 de março de 2015 | N° 18092
POLÍTICA + | Rosane de Oliveira
São estarrecedoras as revelações do jornal O Estado de S.Paulo sobre os motivos que levaram o procurador Rodrigo Janot a incluir o senador Renan Calheiros na lista dos políticos que devem ser investigados por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. A propina na estatal que variava de 1% a 3% do valor dos contratos teria estourado o teto para garantir a fatia do presidente do Senado.
A base das suspeitas que envolvem Calheiros é o depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa, no acordo de delação premiada. Para saber se Costa falou a verdade, é preciso que o Supremo autorize a investigação.
Para se defender e para não aumentar o descrédito do Congresso, Renan deveria se licenciar da presidência, mas seu apego ao poder é tamanho, que seria ingenuidade esperar dele um gesto de grandeza, depois de ter brigado tanto pelo comando do Senado. Relembrando, ele foi eleito com o apoio do Planalto, mas no primeiro percalço abandonou a aliada Dilma Rousseff e devolveu a medida provisória que, na prática, aumenta a carga tributária das empresas.
Por mais que tenha sido um ato de vingança pela perda de poder no governo, é preciso reconhecer que em um ponto o senador tem razão: aumento de imposto tem de ser feito por projeto de lei e não de MP. Na prática, reduzir as desonerações concedidas antes da eleição significa aumento de imposto.
A retaliação do senador, ao devolver a MP, soa infantil: a presidente da República não pode e não deve interferir nas decisões do procurador Janot. Se ele encontrou motivos para incluir o presidente do Senado na lista, seria o cúmulo Dilma pressionar para poupar o aliado.
Se há uma coisa que pode salvar a pele de Dilma é fazer valer o discurso do combate à corrupção. E dar transparência aos atos do governo, para reconquistar ao menos parte da credibilidade perdida.
ALIÁS
Em 2007, Renan Calheiros foi acusado de receber dinheiro de uma empreiteira para pagar a pensão da filha que teve com uma jornalista. Renunciou à presidência do Senado, escapou da cassação, e voltou ao comando do Congresso em 2013.
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