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terça-feira, 24 de março de 2015

SENADORA AVALIA DEIXAR PARTIDO ENVOLVIDO NO LAVA JATO

ZERO HORA 23/03/2015 | 21h51

Senadora Ana Amélia avalia deixar PP após envolvimento do partido na Lava-Jato, Política foi convidada por três siglas para integrar seus quadros: PSDB, PRB e Solidariedade



Foto: Júlio Cordeiro / Agencia RBS


Ao liderar a lista de políticos suspeitos de participação no esquema de corrupção da Petrobras, o Partido Progressista sofre as consequências do escândalo mesmo fora do âmbito da Operação Lava-Jato. A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que não consta no grupo de 30 nomes do partido que serão alvo de investigação, admite que o prejuízo para a sigla é grande e vai avaliar a possibilidade de deixar a legenda. Em entrevista, ela revelou ter recebido convites do PSDB, do PRB e do Solidariedade.

— Que o partido sai enfraquecido não há dúvida — disse Ana Amélia.

A senadora lembrou o exemplo do PP do Rio Grande do Sul, que teve cinco de seus seis deputados federais incluídos na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

— O desgaste político da simples inclusão desses cinco nomes é irreparável. Mesmo que sejam inocentados, o desgaste político existe — afirmou.


O único representante da bancada gaúcha do PP na Câmara que ficou de fora é Covatti Filho, cujo pai, o ex-deputado Vilson Covatti, também teria recebido propina, de acordo com o depoimento do doleiro Alberto Youssef.


Segundo Ana Amélia, é preciso prudência para não cometer injustiça com os colegas que estão sendo investigados pelo Ministério Público, mas ainda não foram denunciados. No entanto, ela ressalta que prudência não significa "tolerância com a impunidade", e defende que os políticos que forem denunciados sejam expulsos do PP.

— O partido não pode ser complacente com nenhum delito, nenhum crime, nenhum ato de corrupção — avaliou.


Ana Amélia argumenta que o governo federal tinha conhecimento de que o PP estaria no centro das investigações da Lava-Jato e, por isso, tirou do partido o Ministério das Cidades no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), antes de a lista de Janot vir a público. Segundo a senadora, esta é uma evidência de que a legenda, nacionalmente, perdeu a expressão que tinha.

— Foi uma demonstração de que o governo já sabia que o partido seria atingido profundamente e se antecipou a este processo — disse.


A parlamentar gaúcha admite que será necessário examinar as alternativas para um futuro de médio e longo prazo no PP.

— Teremos condições de depurar o partido, de limpar o partido, de expurgar os que cometem o delito? Não teremos? Então, poderemos ir para o plano B. Qual é o plano B? É sair do partido — revelou.


Antes de uma eventual mudança, Ana Amélia disse que consultará a base do PP no Rio Grande do Sul e tomará uma decisão coletivamente.

— Muitas pessoas eu chamei para serem vereadores, para se filiarem ao partido, e fizeram isso por meu convite. Então, não posso deixá-las, preciso discutir com elas qual será nosso destino — justificou, ressaltando que a estrutura política do PP gaúcho, com cerca de 230 mil filiados e um número expressivo de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, pesará na avaliação.



A senadora, que se define como "independente", está mais alinhada com as forças de oposição ao governo Dilma, na contramão do diretório nacional do PP, que integra a base governista. Nas últimas semanas, foi procurada por três partidos. No início de fevereiro, recebeu o convite dos senadores Aécio Neves, que disputou a eleição presidencial, e Aloysio Nunes Ferreira, que concorreu como vice na mesma chapa. Ana Amélia fez campanha para eles no Estado.

— Me convidaram para ir para o PSDB para o partido ter um protagonismo maior no Rio Grande do Sul — disse.

Depois, veio o convite do senador Marcelo Crivella, do PRB, que faz parte da base do governo. Nos dois casos, os contatos ocorreram antes da divulgação dos nomes que seriam investigados por envolvimento nos casos de corrupção da Petrobras. Mais recentemente, foi chamada também pelo deputado federal Paulinho da Força para integrar o Solidariedade. Essas três siglas apoiaram sua candidatura ao governo gaúcho no ano passado. Segundo Ana Amélia, a possibilidade de mudar de partido "está no horizonte", mas uma definição só deve ocorrer mais para frente.

— Meu desejo é que o Ministério Público procure agilizar a investigação, porque a pior coisa que existe na política é a dúvida sobre a idoneidade. É importante que seja rápido esse processo de investigação, para que a gente tenha mais segurança para tomar decisões sobre o que vai fazer no futuro — afirmou.

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