ZERO HORA 22 de março de 2015 | N° 18109
EDITORIAL
Em seis décadas, graças principalmente à competência de seus engenheiros, técnicos e funcionários, a estatal brasileira transformou-se numa das maiores petroleiras do mundo.
O novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, propôs ao Conselho de Administração da empresa uma série de medidas para recuperar a estatal e descolar sua imagem da Operação Lava- Jato, sem deixar de colaborar com as investigações. Entre as propostas, está a contratação de uma consultoria para promover uma reestruturação interna, a venda de ativos e a busca de financiamento no mercado para investimentos, em vez de continuar contando apenas com o dinheiro do caixa próprio, como determinara a diretoria anterior.
Paralelamente ao esforço administrativo, a Petrobras desenvolve uma campanha publicitária destinada a fortalecer a imagem da empresa, abalada pelo recente episódio de corrupção. A propaganda, porém, está sendo questionada por parlamentares da oposição no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) por sugerir que a superação (este é o mote dos anúncios) dos desafios de explorar petróleo também vale para o atual episódio de desvio de recursos.
A Petrobras tem, realmente, um histórico inigualável de superação de desafios. Em seis décadas, graças principalmente à competência de seus engenheiros, técnicos e funcionários, a estatal brasileira transformou-se numa das maiores petroleiras do mundo e estava a um passo de assumir novas posições de liderança com o projeto do pré-sal quando estourou o atual escândalo. Tem sido muito doloroso para o país assistir ao desmoronamento da empresa, especialmente para os seus 86 mil colaboradores diretos, que não podem ser confundidos com a minoria responsável pelas irregularidades denunciadas.
Os brasileiros sempre tiveram orgulho da Petrobras e estão torcendo pela sua recuperação, mas sabem que o primeiro passo para virar o jogo é levar as investigações às últimas consequências, afastando e punindo corruptos e corruptores. O segundo passo deve ser a transparência, a prestação de contas permanente, para que a nação possa acompanhar e fiscalizar a atuação dos gestores, conferindo especialmente se os mecanismos preventivos são suficientes para evitar novos desvios.
Ninguém tem o direito de se apropriar desse valioso patrimônio brasileiro, como estavam fazendo os servidores, os políticos e os empresários que se beneficiavam das tenebrosas transações reveladas no contexto das atuais investigações.
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