ZERO HORA 11 de outubro de 2014 | N° 17949
MARCELO MONTEIRO
PERFIL DO CONGRESSO. LEVANTAMENTO ENTRE DEPUTADOS FEDERAIS eleitos mostra que bancada formada por parentes de políticos teve maior crescimento na comparação com 2010. Grupo identificado como sindicalista registrou o maior encolhimento nesta eleição
Quase metade (46,78%) da composição da Câmara dos Deputados foi renovada na eleição deste ano. Dos 513 parlamentares que ocuparão a Casa a partir de 1º de fevereiro de 2015, 273 foram reeleitos. Os 240 restantes são novos na Casa. O número de partidos representados passou de 22 para 28. PT, PMDB e PSDB permanecem com as três maiores bancadas.
Conforme levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o grupo formado por parentes de políticos conhecidos foi a que mais cresceu na comparação com 2010, saltando de 71 para 83 parlamentares (alta de 16,9%). Entre os novos, destacam-se Arthur Bisneto (PSDB-AM), filho do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB). Além de campeão de votos no Estado, foi o deputado com a maior votação proporcional no país.
Na outra ponta, a representação sindical foi que sofreu maior revés, tendo o número de deputados reduzido de 83 para 47 (-43,37%) entre as eleições de 2010 e 2014.
Neste ano, pela primeira vez, o Diap analisou a presença de parlamentares ligados à área de segurança. Segundo o coordenador do estudo, Antônio Augusto de Queiroz, essa bancada – que terá 23 deputados – caracteriza-se por bandeiras como alteração no estatuto do desarmamento e redução da maioridade penal.
– Houve aumento tanto de policiais quanto de pessoas que apoiam esse tipo de tese. Houve um crescimento no Congresso da chamada “linha dura” – afirma Queiroz.
PARENTES
A “bancada” que mais se expandiu na eleição de 2014 terá, a partir de fevereiro, 83 parentes próximos a políticos conhecidos, incluindo pais, filhos e cônjuges, classificados pelo Diap como “herdeiros eleitorais”, que compartilham o perfil político e ideológico de seus personagens referenciais. No Estado, são exemplos Márcio Biolchi (PMDB), filho do ex-deputado federal Osvaldo Biolchi, que morreu em 2012, e Luis Antônio Covatti (PP), filho do atual deputado Vilson Covatti (PP).
SINDICALISTAS
Em uma espécie de efeito sanfona, a bancada sindicalista oscila de tamanho desde 1998, aumentando ou reduzindo a cada eleição. Há 16 anos, foram eleitos 44 deputados, caracterizados pela defesa dos direitos e dos interesses de trabalhadores, aposentados e servidores públicos. Considerando-se apenas a variação de 2010 para 2014, a queda chegou a 43,37%. Na comparação com 1998, o grupo totaliza somente três parlamentares a mais. Entre os gaúchos estão Dionilso Marcon e Pepe Vargas, do PT, e Heitor Schuch e José Stédile, do PSB.
EVANGÉLICOS
O levantamento considera neste grupo quem ocupa cargo em instituições religiosas, como pastores, missionários, bispos e sacerdotes, ou cantores gospel. Na comparação com 2010, a bancada aumentou 5,12%. O destaque é Marco Feliciano (PSC-SP), de uma igreja ligada à Assembleia de Deus. Entre os gaúchos, dois são relacionados pelo Diap: Onyx Lorenzoni (DEM), ligado à Igreja Luterana, e Ronaldo Nogueira (PTB), da Assembleia de Deus.
EMPRESÁRIOS
Com 190 deputados eleitos – 30 novatos e 160 reeleitos –, a bancada empresarial perdeu 22,76% de representatividade em relação à 2010, quando elegeu 246. Conforme o Diap, as principais bandeiras que levam empresários ou seus representantes a tentarem vagas são reforma tributária, busca de maior competitividade da indústria e mudanças na legislação trabalhista. No Estado, entre os mais conhecidos estão Giovani Feltes (PMDB) e Danrlei de Deus Hinterholz (PSD).
MULHERES
A bancada feminina aumentará de 46 parlamentares para 51 (10,86%) a partir de fevereiro. A ampliação ocorre apesar de algumas deputadas não terem concorrido à reeleição, como a gaúcha Manuela D’Ávila (PC do B), eleita deputada estadual. Das 46 parlamentares federais eleitas, conforme o Diap, apenas 35 conseguiram se eleger com os próprios votos. Com cinco parlamentares cada, São Paulo e Minas Gerais foram os Estados que elegeram mais mulheres. O Rio Grande do Sul elegeu apenas uma: Maria do Rosário (PT).
RURALISTAS
Nesta eleição, os parlamentares ligados ao agronegócio ampliaram a participação na Câmara em 5%. O total de deputados saltou de 160 (de 2010) para 168. Um dos principais líderes é o empresário rural Luis Carlos Heinze (PP-RS). A bancada ruralista se opõe à reforma do Código Florestal e à revisão de índices de produtividade usados pelo governo para a reforma agrária. Defende ainda a reforma das leis trabalhistas, para reduzir as exigências.
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